Lidar com o trabalho árduo de realizar a defesa da população com armas em punho é apenas uma das dificuldades enfrentadas pela policial feminina, já que existem diversos episódios de preconceito de gênero. A lei Nº. 8.547, de 1º de julho de 2019, de autoria da deputada Goretti Reis (PSD), institui o 31 de maio como Dia Estadual do Policial Militar Feminino, Bombeiro Militar Feminino e do Policial Civil Feminino.
A policial Élida Damasceno Braga realizou, em 2014, uma pesquisa sobre o exercício da profissão pelas mulheres. No decorrer de seu relato, ela conta que sofreu preconceito e que não abriu mão de exercer sua função.
“Uma passagem interessante foi quando tivemos que subir o “morro do avião”, no bairro Santa Maria, numa perseguição e fui perguntada pelo sargento comandante da guarnição se queria ficar tomando conta da viatura na parte baixa do morro. Isso seria como assinar um atestado de incompetência, para o que eles comumente chamam de “menos um” na guarnição. Eu respondi: “Não sou motorista sargento, eu vou subir”. Peguei a submetralhadora e subi. A vista lá de cima é linda, o cansaço para subir, mais ainda. Entretanto, eu sabia que não havia sido escalada como motorista e sim como patrulheira e conhecia o posicionamento que a função exigia”, detalhou.
Em uma profissão que se destaca por precisar da força e da rigidez, comumente atribuídas ao sexo masculino, as mulheres precisam de auxílio para garantir que o tratamento não seja diferente por parte de seus superiores. É o que conclui o artigo publicado pela policial.
O dia 31 de maio foi escolhido para homenagear a subtenente Eliana Costa da Silva, 46 anos, assassinada nessa data no ano de 2018, quando chegava em sua casa.
“É uma forma de reconhecimento às policiais femininas e uma homenagem como lembrança da colega Eliana Costa, que trabalhou com a gente aqui na Assembleia Legislativa. A gente vê que ainda temos um grande contingente de policiais do sexo masculino e destacamos a luta e a batalha que as policiais femininas travam para serem valorizadas em relação a suas promoções”, falou a autora da Lei à época da aprovação.
De acordo com Goretti Reis, as policiais femininas enfrentam problemas para receber merecidas promoções de carreira em razão do gênero. “Os desafios enfrentados por elas estão por toda parte. Seja para uma promoção, um curso e até no dia-a-dia de suas funções, dentro e fora dos quarteis. Muito me orgulha ter participado de momentos importantes na vida dessas guerreiras. Contem sempre com meu apoio. Somos mulheres e nossa união é importante para conquistarmos os espaços que podemos e devemos ocupar”.
Em março de 2020, o Governo de Sergipe, através do Comando Geral da Polícia Militar (PM/SE), publicou em Diário Oficial do Estado (DOE), a promoção das policiais femininas da corporação, das turmas de 1993 e 1996. Elas passaram a ocupar a patente de subtenentes.
Há 30 anos, a Polícia Militar do Estado de Sergipe conta com as mulheres na luta diária pela preservação da ordem pública. São atualmente 655 policiais militares (PM), 309 policiais civis (PC), 217 policiais penais (PP) e 118 do Corpo de Bombeiros Militar (CBM). Ao todo, entre homens e mulheres, a PM conta com aproximadamente seis mil, a PP com 766, a PC com 1343 e o CBM 756.
A data é dedicada à Polícia Militar, às Bombeiros e à Civil. Existe uma emenda, tramitando na Casa, para estender a homenagem também às Peritas Criminais e Penais.
Por: Wênia Bandeira/Agência de Notícias Alese