Primeira maestrina do Brasil, pioneira na luta pela emancipação feminina e na defesa dos direitos autorais, a compositora e instrumentista Chiquinha Gonzaga (1847-1935) é hoje mais conhecida por sua vida do que por sua obra musical, vasta em número e variada em gêneros.
Em parte, isso se deve ao sucesso alcançado pela biografia Chiquinha Gonzaga: uma História de Vida, escrita pela socióloga Edinha Diniz, e pela minissérie de televisão baseada no livro.
Para resgatar a totalidade dessa obra, em grande parte ainda desconhecida tanto do público como dos músicos, os pianistas e compositores Alexandre Dias e Wandrei Braga idealizaram o site do Acervo Digital Chiquinha Gonzaga.
Resultado de três anos de pesquisas da dupla, o site agora está no ar, graças a patrocínios privados e do Ministério da Cultura e à parceria do Instituto Moreira Salles (IMS) – responsável por manter o acervo pessoal da compositora – e da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT) – entidade da qual Chiquinha foi uma das fundadoras e detentora do acervo.
“Se você pergunta para um pianista, para um chorão, para nomear as músicas da Chiquinha, em geral eles se lembram de umas quatro ou cinco, quando na verdade ela compôs mais de 300, a maioria inédita”, diz Alexandre Dias.
“Com o site, a gente espera um renascimento da obra de Chiquinha, com muita coisa sendo gravada pela primeira vez”, acrescenta.
O salto com o acervo é considerável: de 12 músicas de Chiquinha que estavam disponíveis comercialmente, agora são mais de 300 partituras.
“Qualquer pessoa do mundo pode ter acesso gratuito a todas essas partituras para download imediato e impressão”, destaca Alexandre.
Cada partitura tem uma capa personalizada e notas sobre a composições escritas pela biógrafa Edinha Diniz, que atuou como consultora do site.
“Também disponibilizando versões com cifras, já que há muitos músicos que não leem partituras.
O objetivo é contemplar o maior número possível de interessados”, afirma o pesquisador.