“Quando eu fui à Itália me prostituir, fui por causa de dinheiro, mas eu não entrei na política por causa do dinheiro”. A declaração é da deputada estadual Linda Brasil (PSOL) ao conceder entrevista à jornalista Katia Santana, no Podcast Casa de Sopapo. “Eu entrei na política por um ideal, justamente para provocar uma mudança”, enfatizou, ao falar sobre os desafios de ser mulher trans, de fazer parte do grupo de oposição e de como tem se conduzido para cumprir o seu propósito do bem servir à sociedade.
Ex-vereadora por Aracaju – sendo eleita com 5.773 votos, sagrou-se como a mais votada da capital sergipana, em 2020. Na eleição seguinte (2022), foi eleita deputada estadual com 28.704 votos. Linda é a primeira mulher trans a ocupar cadeiras na Câmara de Aracaju e na Assembleia de Sergipe. Foi nessa transição de Casas Legislativas que ela concedeu essa entrevista, exatamente, na estreia da Casa de Sopapo.
Para ela, ainda há muito equívoco na forma de se fazer política, onde – em geral – prevalece o toma-lá-dá-cá. No seu entender essa prática não pode continuar existindo e as pessoas precisam entender que isso está errado. “O parlamentar é eleito para trabalhar para a coletividade e não para atender a interesses individuais”, disse, ao ressaltar que “a gente só vai mudar essa política quando mais nós ocuparmos esses espaços. A gente só muda quando incomoda; eu sei que isso não é fácil”.
Compra de voto
No papo com Katia Santana, Linda Brasil também falou sobre a importância do voto consciente. “Essa é a maior arma que o cidadão tem. Não é uma mercadoria que pode ser vendida e comprada. Essa é uma decisão que deve ser tomada de forma consciente e, se assim não for, terá consequências sérias. Sempre falava isso quando alguém me abordava dizendo que ia votar em mim e, ao mesmo tempo, perguntava que eu ia dar em troca”, revelou a parlamentar.
Para a deputada, o candidato que compra voto não está preocupado em defender os direitos do cidadão. No seu entendimento, quando o voto é comprado, seja em troca de emprego, favores ou bens materiais, esse eleitor é esquecido. Linda acredita que essas “ajudas” devem ser oferecidas, por exemplo, pelo Poder Executivo através das Secretarias de Assistência e Trabalho, por instituições e Fundações que devem cumprir o papel de fazer a política de inclusão social.
Por: Kátia Santana/Ascom