O Estádio Lourival Baptista, mais conhecido como Batistão, completa 55 anos de história em 2024. Desde sua inauguração, em 9 de julho de 1969, até os dias atuais, o estádio continua sendo a principal praça esportiva local. A Arena Batistão se confunde com a história de muitos atletas, torcedores e profissionais, que destacam a importância do espaço para a promoção do esporte e para a construção de um legado que deixa orgulhosos todos os sergipanos.
Na inauguração, mais de 45 mil pessoas presenciaram um evento histórico, que contou com a presença da Seleção Brasileira de Futebol, num jogo contra a Seleção Sergipana. Ao longo dos anos, o equipamento esportivo passou por reformas, mantendo-se à altura das exigências do futebol moderno, mas preservando a essência que o tornou um ícone do esporte no estado.
Carlos Magalhães, jornalista que coordenou a cobertura da imprensa na inauguração, recorda os desafios e a grandiosidade daquele momento. “Participei na coordenação da imprensa brasileira e internacional que veio para inaugurar o estádio com João Havelange como presidente da CBF e João Saldanha como técnico da Seleção Brasileira. Naquela época, não tínhamos Embratel aqui. Saí pelo Brasil convidando os órgãos de imprensa para cobrir o evento. Como não tínhamos Embratel, contamos apenas com uma linha, que foi ocupada pela Continental do Rio, do Carlos Marcondes. O restante tivemos que improvisar com sistemas SSB, que algumas emissoras já possuíam e que permitia transmitir e receber na mesma onda, apesar de causar uma distorção no som que precisava ser corrigida. Utilizamos a rede telefônica sergipana, com Raul Almeida selecionando os locais para instalar os transmissores das emissoras de rádio. Foi um trabalho colaborativo e colocamos transmissores em vários pontos de Aracaju: na Atlética, com a Bandeirantes, onde Lourival Baptista deu a primeira entrevista nacional; no Iate, com outro emissor; no DER e em outros locais estratégicos”, disse.
Mesmo com tantas adversidades, a inauguração do Batistão é lembrada por ele como um sucesso. “Imagino que cerca de 50 mil pessoas estavam presentes, com alguns até pendurados nas torres de refletores. A partida foi entre a Seleção Brasileira e a Seleção Sergipana, terminando em 8 a 2. O primeiro gol sergipano, marcado pelo Vevê, foi aplaudido de pé pelos espectadores”, revelou.
Já o narrador esportivo Raimundo Macedo relembra com emoção a inauguração do Estádio Estadual Lourival Baptista como espectador, ainda quando era criança. “Lembro como hoje: eu ainda criança assisti a essa partida entre a Seleção Brasileira e a Seleção Sergipana. A seleção de Pelé e Clodoaldo foi realmente uma noite maravilhosa. O Batistão, para a região Nordeste, foi uma grande redenção. Foi por meio do ex-governador Lourival Baptista que outros estádios foram construídos, como o Estádio Rei Pelé, em Maceió, e o Estádio Castelão, em Natal. Para o nosso futebol, o surgimento da nossa principal praça de esportes foi a grande redenção do nosso futebol. Por aqui passaram jogadores, como Pelé, Garrincha, Jairzinho, Clodoaldo, Zico, e Roberto Dinamite, além dos sergipanos que brilharam jogando no gramado do Batistão”, destacou.
Raimundo Macedo lembrou com clareza a Seleção Sergipana formada por craques como Marcelo Goleiro, Gil, José Américo, Augusto, Vidal, Gésérion, Mário Portela, Zé Arlindo, Joel, Tatica, Beto Caroço, Vevé, Fernando e Edmilson. “O primeiro gol da Seleção Sergipana foi marcado por Vevé, que era comandante de ataque do Confiança. O segundo gol dos sergipanos foi de Fernando Oliveira, atacante do Sergipe. O primeiro gol do Batistão foi feito por Toninho Guerreiro, que jogava no Santos e na época pertencia à Seleção Brasileira”, contou.
O narrador mencionou também diversas decisões importantes ocorridas no Batistão, destacando especialmente um título na década de 90 entre Confiança e Sergipe, quando Aldair fez um golaço, e outra ocasião em que o Sergipe foi campeão com um gol de Hugo Henrique. “São jogos que jamais sairão da memória. O Batistão continua sendo a grande praça esportiva do futebol do Nordeste”, evidenciou.
O ex-jogador Fernando Oliveira, 81 anos, atuou no jogo inaugural do Batistão. Ele recordou com carinho o momento histórico que marcou o povo sergipano e o encerramento da sua carreira, aos 26 anos.“Vocês nem imaginam a satisfação e a emoção que eu tive nesse dia. Foi um dia que ficou inesquecível. Foi muito bom para o esporte sergipano. Na época eu jogava no time do Sergipe. Foi uma emoção muito grande, porque estávamos acostumados com o antigo estádio estadual de Aracaju, que era um campinho, e ver esse estádio lotado e a torcida toda a gritar foi realmente gratificante, principalmente quando eu fiz o gol”, afirmou.
O Batistão teve um espaço marcante também na trajetória do ex-jogador Luiz Carlos Bossa Nova, 69 anos, que atuou em clubes como o Santos, Atlético Mineiro, entre outros. “O Batistão foi o primeiro palco na minha vida como profissional de futebol, na década de 70 e 80. Foi nesse estádio que ganhei visibilidade, o que me permitiu ingressar em equipes de outros estados, como Alagoas, Minas Gerais e São Paulo. O Batistão hoje, chamado de Arena Batistão, tem contribuído muito para o engrandecimento do nosso futebol. É um estádio moderno e bem cuidado pelos gestores da Seel”, apontou.
Após reforma realizada pelo Governo do Estado, foi inaugurada em 4 de fevereiro de 2015 a Arena Batistão, totalmente modernizada, como um espaço multiuso que recebe, além de partidas de futebol, atrações artísticas e eventos. Com capacidade para mais de 15 mil espectadores, o estádio conta com assentos confortáveis, um novo gramado padrão Fifa, drenagem subterrânea e um sistema de irrigação avançado. A primeira partida oficial após a modernização foi entre Confiança e Vitória/BA, pela Copa Nordeste 2015.
Administrador da Arena Batistão desde a sua reforma, o ex-árbitro Sidrack Marinho enfatizou que a modernização trouxe muitos benefícios para o esporte sergipano, incluindo melhorias no gramado, instalação de um placar moderno, iluminação padrão Fifa, novas cabines de rádio com ar-condicionado, e camarotes para autoridades e convidados, o que fez do Batistão um verdadeiro cartão-postal de Aracaju.
“Arena tem recebido jogos importantes, inclusive do Campeonato Carioca, como o recente confronto entre Flamengo e Bangu. A infraestrutura moderna tem atraído eventos de grande porte e recebido elogios de diversas autoridades do futebol”, disse Sidrack Marinho, que teve sua carreira como árbitro iniciada no Batistão. “Após passar nos testes da CBF, atuei como bandeirinha e árbitro em diversas competições nacionais e internacionais, levando o nome de Sergipe para fora do Brasil. Trabalhei em jogos pela América do Sul, Estados Unidos, Portugal, incluindo a arbitragem de eliminatórias para a Copa do Mundo e competições sul-americanas, sempre com orgulho das minhas raízes”.
Tereza Romeiro, 30 anos, fervorosa torcedora do Sergipe, compartilha sua paixão pelo futebol e pelo Batistão. “Não lembro exatamente da primeira vez que fui ao Batistão, mas estou presente em todos os jogos do Sergipe. Sou sócia-torcedora e vou com meu esposo e minha prima, que me acompanha nos jogos. O futebol sergipano precisa ser mais valorizado pelas pessoas do nosso estado. Poucas pessoas vestem a camisa dos clubes sergipanos. O Batistão tem uma história importante e precisa de mais reconhecimento. O estádio passou por uma reforma e melhorou, a segurança foi uma delas. O futebol sergipano é muito importante para o nosso estado. Apoiar todos os clubes do estado é crucial porque leva o nome de Sergipe para fora. Valorizando nosso futebol, podemos atrair um público maior para os estádios e aumentar a presença em jogos com times de fora”.
O policial militar Jorge Henrique Farias do Nascimento, 33 anos, é torcedor do Confiança. Desde 2008, Jorge frequenta os jogos no Batistão, mas alguns foram especialmente marcantes. Ele destacou a final do Campeonato Sergipano de 2009, onde, com um jogador a menos, o Confiança foi campeão em cima do histórico rival Sergipe. Em 2016, pela Copa do Brasil, Confiança venceu o Flamengo, com um jogador a menos, surpreendendo a torcida carioca. Em 2019, um gol de Tito contra o Ypiranga-RS deu um grande passo para o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro.
“Comecei a frequentar o nosso querido Batistão em 2008, quando ainda tinha 17 anos no Derby Sergipano, Confiança x Sergipe, onde lembro que vencemos de 2×0 nosso rival. A partir desse jogo me encantei em frequentar o estádio, vendo a vibração da torcida azulina que não parava de pular e cantar. Achei um espetáculo, continuei a ir aos jogos, e nesse mesmo ano, por incrível que pareça, nos consagramos campeões sergipanos e fizemos aquela campanha histórica na série C, lotando o Batistão a cada jogo e fazendo aquela belíssima festa nas arquibancadas”.
Legado
Ao longo de seus 55 anos, o Batistão não apenas abrigou grandes momentos do futebol, mas também se tornou um símbolo de identidade e paixão para o povo sergipano. Para a secretária de Estado do Esporte e Lazer (Seel), Mariana Dantas, o estádio permanece sendo um ponto de encontro e celebração para a comunidade, garantindo um futuro promissor para o esporte em Sergipe.
“A Arena Batistão contribui significativamente para o desenvolvimento do esporte local ao sediar eventos de grande porte, que atraem não só atletas, mas também espectadores e investimentos para a região. Ela promove o entretenimento e a integração social e inspira novas gerações a se envolverem no esporte. Além disso, os eventos esportivos e culturais fortalecem o senso de comunidade e identidade local. O Batistão representa Sergipe e a paixão dos sergipanos pelo futebol’’, disse ao destacar a importância do Batistão para a população sergipana e para o Nordeste.
Reprodução: Portal Imprensa1
Por: https://www.se.gov.br/noticias/governo/casa_do_futebol_