Numa era de novas tecnologias que trazem informação abundante, os jornais se atualizam para continuar cumprindo sua função indispensável: selecionar as informações mais relevantes dentro de um ciclo de um dia e apresentá-las ao leitor de modo analítico e com qualidade. Essa foi a conclusão geral do debate “O Papel do Jornal”, que, numa rara ocasião, reuniu ontem executivos de alguns dos principais diários do país no auditório de “O Globo”, no Rio.
Participaram Vera Brandimarte, diretora de Redação do “Valor Econômico”, Ricardo Gandour, diretor de conteúdo de “O Estado de S. Paulo”, Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha e Ascânio Seleme, diretor de Redação de “O Globo”.
O debate foi mediado pelo editor-executivo Luiz Antônio Novaes, de “O Globo”. Após citar o impacto da internet no modelo de negócio dos jornais, a diretora do “Valor” afirmou que os veículos não apenas contrariaram os que previam sua extinção como se fortaleceram.
“Várias coisas que foram ditas depois da explosão da internet não se confirmaram, como, por exemplo, que cada cidadão seria produtor de notícia e que os jornais não teriam equipes para concorrer com isso. Pelo contrário, com a profusão de informações o filtro dos jornais ficou ainda mais importante”, disse.
Dávila destacou o “papel cívico” que as publicações exercem ao apresentar não apenas o que leitor deseja, mas o que ele precisa saber. “Na internet, o leitor tende a procurar apenas sites que reforçam suas crenças. O jornal o tira dessa zona de conforto, mostra o contraditório, informa sobre notícias que ele nem sabia que precisava saber”, disse.
Gandour lembrou da identificação que os leitores estabelecem com o impresso que escolhem, agindo como “uma rede social de gente que curte e segue o jornal”. “O que faz as pessoas se mobilizarem desse jeito é nossa atividade, o jornalismo. Somos intermediadores entre elas e as notícias. Não devemos temer nosso papel de guia.
O leitor sempre premiará o esforço em servi-lo.” “Não podemos negar que há uma crise batendo na porta e, quando isso acontece, a gente se prepara”, disse Seleme, citando como exemplo a reforma gráfica que “O Globo” estreia no próximo domingo, celebrando também seus 87 anos da fundação.
“O que o leitor espera é mais análise, mais reportagem, mais profundidade. O jornal não pode só publicar a notícia de ontem, tem de mostrar o que vem depois.”
Dávila lembrou ainda que as inovações tecnológicas levam os jornais a se aperfeiçoarem, como acontece agora. “Cada inovação levou a uma atualização à altura. Essa proliferação de novas plataformas leva os jornais a acelerar esse processo.”
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