O líder da bancada de oposição na Assembleia Legislativa, deputado estadual Venâncio Fonseca (PP), ocupou a tribuna na manhã de hoje (2), para voltar a denunciar o descaso do governo do Estado com as Fundações de Saúde, com destaque para a Fundação Hospitalar (FHS). O parlamentar denuncia um rombo superior a R$ 200 milhões e estranha o fato de o Poder Executivo apenas observar e não tomar qualquer atitude.
Venâncio vê a Fundação como um “escândalo” e não descarta que alguém esteja sendo beneficiado com a sua permanência. Ao fazer seu discurso, Venâncio disse que, antes mesmo de serem aprovadas na Assembleia, as Fundações eram muito questionadas pela bancada de oposição que votou contra a criação. “Nós alertamos, mas o tempo é o senhor da razão! Nós dizíamos que essa Fundação seria o sumidouro do dinheiro público. Fomos criticados pelos defensores que diziam que as Fundações iam salvar a rede pública de Sergipe, que ia desburocratizar e agilizar o atendimento. Hoje a Fundação deve mais de R$ 200 milhões! Não tem crédito para comprar um alfinete, um pacote de algodão!”.
Em seguida, em tom desconfiado, Venâncio não escondeu sua suspeita. “O que deixa uma interrogação em todos nós é o fato de o governador, diante do prejuízo que essa FHS está gerando para o Estado, não fazer nada! As dívidas das Fundações extrapolam e o governo nada faz! Isso é estranho! É um escândalo e só pode ter alguém levando vantagem nisso aí! Pelas denúncias que os sindicatos e a classe médica fazem, é estranho que nenhuma atitude seja tomada!”, completou.
Mais adiante, Venâncio citou que até o governador já tem dado demonstrações que não é favorável com as Fundações. “O governador foi questionado sobre o assunto em um debate e disse que não estava de acordo com a Fundação, a criticou e manteve a discordância até na sua criação. O interessante é que quando o governo acerta, ele diz que foi ele. Quando erra, joga a culpa para a gestão anterior, se esquecendo que eles fazia parte daquela gestão”. “Também não acho justo fazer críticas a uma pessoa que já não está entre nós para se defender. Todos são testemunhas que o maior crítico do governo de Marcelo Déda foi eu! Mas passou! Ele não está mais aqui para se defender e não seria ético da minha parte ficar aqui lhe atacando! Venha para o debate! O problema é que montaram um esquema na Saúde pública de Sergipe, tão bem montado, que o prefeito João Alves (DEM), por exemplo, vai passar quatro anos e talvez não resolva por completo”, completou Venâncio, em tom provocativo.
Ainda sobre a Saúde, ele disse que “o esquema é pesado! A engrenagem foi muito bem montada! Foi assim na Saúde de Aracaju e depois na Saúde do Estado. Ainda inventaram essas Fundações. Pode botar o caixa do Banco Central que não suporta! É dinheiro entrando e sumindo! Não sei quem está levando vantagem, mas o governo tem que tomar providências. Os fornecedores não recebem nada! E é o servidor quem tem que pagar a conta? Sem aumento, sem reajuste? É o servidor que tem que ficar recebendo um salário imoral e indecente ainda de 2012? “Se estão precisando dos servidores e governam dessa forma, imaginem depois! Tem três anos que o hospital de Estância foi inaugurado. Quantas UTIs funcionando? Nenhuma! O Hospital de Itabaiana está funcionando. Quantas UTIs funcionam? Nenhuma! Sem contar os elefantes brancos das patas vermelhas espalhados pelo Estado. A maioria não funciona a contento! Deixaram a responsabilidade para as prefeituras que já sofrem sem recursos! Faltam médicos e remédios. Falta tudo!”, acrescentou o líder da oposição.
Apartes
O deputado estadual Gilson Andrade (PTC), em aparte, disse que Sergipe tem sido alvo do noticiário nacional por conta do descaso com a Saúde pública. “Essa Fundação Hospitalar foi implantada para dar celeridade aos serviços, mas também para dar mais transparência à Saúde. A gente solicita transparência sobre os gastos da FHS e o pedido é negado! É uma caixa preta! A Secretária de Saúde veio aqui, prestar esclarecimentos para os deputados e revelou que não podia se estender porque a FHS não lhe repassou dos dados necessários”, desabafou o deputado, que teve um requerimento aprovado, semana passada, convocando o presidente da FHS para que vá à AL prestar os devidos esclarecimentos.
Já a deputada Goretti Reis (DEM), que foi secretária municipal da Saúde em Aracaju, até pouco tempo, também fez críticas a FHS. “Tive a oportunidade de ser secretária e sei das dificuldades por conta do débito do Estado. E dificilmente você consegue evoluir uma gestão sem recursos. Fomos contrários à aprovação das Fundações nesta Casa, quando se propagada que elas iriam customizar as demandas e isso não aconteceu. Para atendimentos de alta complexidade, em 2000 foram realizados 132 mil atendimentos. Em 2012 passou para 82 mil. A parte do trauma segue superlotada! Há dificuldade para se avançar em vários temas!”, criticou.
Por Habacuque Villacorte, da Agência Alese
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