Um valor superior a R$ 60 milhões em dívidas referentes a restos a pagar e despesas do exercício anterior. Pagamentos pendentes com fornecedores e prestadores de serviços. Falta de medicamentos, uma crescente judicialização da saúde retratada em demandas judiciais que asseguram a pacientes o acesso a procedimentos cirúrgicos, tratamentos e medicamentos. Este foi o panorama da saúde pública da capital sergipana apresentado na tarde desta quinta-feira, 11/4 pela secretária da Saúde de Aracaju, Goretti Reis.
A secretária visitou a Câmara Municipal de Aracaju (CMA) a convite do parlamentar Renilson Félix (DEM). Munida de números estatísticos a secretária, Goretti Reis, que assumiu a pasta em janeiro deste ano, apresentou dados preocupantes que comprometem diretamente a qualidade da assistência prestada à população. Ela ressaltou que do total de recursos disponíveis, no exercício anterior, para realização de cirurgias eletivas somente 51% foram aplicados neste tipo de atendimento.
Outro dado preocupante se refere ao desabastecimento de medicamentos no estoque da Secretaria da Saúde. “Encontramos um déficit de 38%. Hoje já conseguimos reduzir esse desabastecimento em 28%. Estamos enfrentado dificuldades em regularizar a situação devido as pendências de pagamento deixadas junto a fornecedores de medicamentos e materiais”, disse Reis ao ressaltar que outro agravante foi encontrar 32 toneladas de medicamentos vencidos no almoxarifado. “Hoje esse material está depositado em um galpão, cujo valor do aluguel é de R$ 5.600/mês. E a incineração destes produtos significa altos custos para a Prefeitura de Aracaju, pois cada quilo a ser queimado custa em média R$ 13”, esclarece.
Estrutura
Na oportunidade, a secretária da Saúde falou sobre a situação das unidades de saúde. “Temos prédios desestruturados e até mesmo sucateados, mas apesar das dificuldades já conseguimos reformar os postos de saúde Anália Pina, localizado no Santos Dumont e o Humberto Mourão, no São Conrado”, ressalta a Secretária.
De acordo com Goretti Reis um das situações preocupantes é o Centro de Controle de Zoonoses, que hoje está interditado. A unidades está proibida de receber animais até que sejam feitas as adequações necessárias e exigidas pelo Ministério Público Estadual. O problema é que não temos recursos financeiros no momento para fazer as obras. São problemas sérios que comprometem a qualidade no atendimento à população, bem como a atuação dos profissionais da SMS”, afirmou ela.
A Secretária garante que apesar do caos encontrado, a SMS está desenvolvendo esforços no sentido de reestruturar a organização de Sistema Único de Saúde (SUS), considerando com uma perspectiva, a Planificação de Atenção Primária no município, visando favorecer que o contato preferencial do usuário do SUS se dê na atenção primária, que tem três desafios: ser resolutiva, coordenar o cuidado e assumir a responsabilidade pela população, possibilitando potencializar a organização para, de fato, implantar as redes de atenção à saúde.
“Precisamos quitar o débito com prestadores, honrar compromissos com o cidadão e, mesmo diante dos problemas, buscar medidas de emergência para a implantação de novas propostas, projetos e soluções”, destacou.
Projetos
A secretária informou prioridades e propostas da gestão, como diminuir a discrepância na relação oferta/demanda dos procedimentos médicos. “Buscaremos aperfeiçoar os recursos disponíveis e buscar novas alternativas de financiamento junto ao Ministério da Saúde (MS) e Secretaria do Estado da Saúde (SES). Além disso, planejamos ampliar as equipes de especialidades e reestruturar a política de Atenção da Rede Hospitalar, reestruturar o espaço físico, além da manutenção e aquisição de alguns equipamentos das Unidades de Urgência, reestruturação do Núcleo de Controle, Auditoria, Avaliação e Regulação (NUCAAR) e rever as funções do Serviço de Reabilitação Física e Motora (Serfismo),” finalizou.
Fotos: Andressa Barreto