Os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Manoel Bonfim, no conjunto Bugio, participaram hoje à tarde de uma roda de conversa promovida pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em parceira com a Secretaria Municipal de Educação (Semed), que teve como tema “A escola no enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes”. O evento serviu para lembrar o 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração de Crianças e Adolescentes.
A referência técnica do Núcleo de Prevenção da Violência e Acidentes (Nupeva), Lidiane Gonçalves Ferreira de Oliveira, e a pedagoga da Semed, Rosa Cristina Ettinger, orientaram os professores sobre como reconhecer possíveis problemas nas crianças e adolescentes e encaminhá-los para o Conselho Tutelar do bairro. Os professores assistiram ao filme “Mariana bota a boca no trombone”, que narra a história de uma criança que sofreu abuso sexual.
Rosa Ettinger lembrou aos professores que o artigo 245 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) diz que omissão é crime, por isso sugeriu aos profissionais que notifiquem o Conselho Tutelar caso percebam algum comportamento diferente nos alunos. “Enquanto educadores não podemos nos furtar em protegê-los”, destacou a pedagoga. Ela citou, ainda, uma frase do Mário Quintana que diz o seguinte: “O que mata um jardim não é o abandono. O que mata um jardim é esse olhar de quem por ele passa indiferente”. A frase é para alertar aos professores a não ficarem indiferente quando perceberem um problema com seus alunos.
Em sua abordagem, a referência técnica do Nupeva, Lidiane Gonçalves, orientou os professores da Escola Manoel Bonfim a noticiarem casos suspeitos ou confirmados de violência, além de mostrar o trabalho da SMS no combate a violência sexual. De acordo com Lidiane, a notificação dos casos é feita mediante o preenchimento de uma ficha. Trata-se do Viva (Vigilância de Violência e Acidentes), onde são anotados os casos suspeitos ou confirmados de violência doméstica, sexual e/ou outras violências contra crianças, adolescentes, idosos, mulheres e homens.
Lidiane explicou ainda, que o Viva, devidamente preenchido, é encaminhado ao Nupeva e depois as informações são transcritas para o Salve (Sistema de Aviso Legal por Violência, Maus Tratos ou Exploração), em casos contra criança, adolescente e idoso, e segue para os conselhos tutelares (no caso de criança e adolescente), DAGV (Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis) da Secretaria de Segurança Pública (SSP) e Ministério Público, no caso de idosos, para as providências.
Caso Araceli
Os professores da Escola Manoel Bonfim, também, foram convidados a participar, no dia 17 de maio, às 18 horas, na Atalaia, de uma caminhada contra a violência sexual, que está sendo organizada pelo Comitê de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescente, integrados por servidores da SMS, Semed e Governo do Estado.
A caminhada acontece, justamente, um dia antes do 18 de maio, quando é lembrado o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração de Crianças e Adolescentes. A escolha da data é uma lembrança a toda a sociedade brasileira sobre a menina seqüestrada em 18 de maio de 1973, Araceli Cabrera Sanches, então com oito anos, quando foi drogada, espancada, estuprada e morta por membros de uma tradicional família capixaba.
O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes vem manter viva a memória nacional, reafirmando a responsabilidade da sociedade brasileira em garantir os direitos de todas as suas Aracelis.