Na reunião do Diretório do PT de Sergipe, na noite desta segunda-feira, 17 de julho, os representantes da Articulação de Esquerda – tendência petista – se retiraram do Plenário. Por meio desta nota, vimos esclarecer os motivos que embasaram a nossa posição.
O agravamento da conjuntura política, com a condenação do companheiro Lula, de forma autoritária, parcial e sem sustentação de provas, foi mais um passo dos setores conservadores e reacionários no sentido de criminalizar o Partido dos Trabalhadores e as suas principais lideranças políticas e impedir o retorno de Lula e do PT ao comando do país.
Frente a este cenário, durante este final de semana, buscamos dialogar com o Presidente Estadual do PT, Rogério Carvalho, no sentido de não fazermos na reunião desta segunda qualquer debate sobre nossas diferenças na definição da tática do partido para as eleições de 2018.
Em nossa opinião, discutir esse tema nesse momento tende a desviar o foco necessário na conjuntura atual: organizar, articular e ampliar a resistência aos avanços dos setores que querem fragilizar a democracia, retirar os direitos da classe trabalhadora e aniquilar o PT. Essas, em nosso entender, devem ser as tarefas fundamentais do PT neste período.
Além disso, temos divergências dentro do partido à aliança político-eleitoral com Jackson Barreto/PMDB e, para nós, tratar de nossas diferenças num momento que nos exige unidade é um equívoco. Como expressamos no Congresso Estadual do PT, no início de maio deste ano, somos contra esta aliança, por entendermos que apenas Jackson Barreto e o PMDB ganhariam. Nem o PT de Sergipe nem Lula têm nada a ganhar com o apoio de Jackson em 2018.
Ressaltamos que a nossa posição de não discutir o tema no Diretório desta segunda tem, inclusive, fundamento legal: o Estatuto do PT, em seu artigo 139, diz que “em qualquer nível, caberá à Comissão Executiva ou ao Diretório correspondente abrir o período eleitoral para indicação, impugnação e aprovação de candidaturas às eleições proporcionais e majoritárias, devendo ser respeitado o calendário nacional estabelecido pelo Diretório Nacional”. Cabe lembrar que o PT, em nível nacional, ainda não deliberou sobre o calendário eleitoral.
Ao mesmo tempo, defendemos que, como método, o PT em Sergipe elabore em conjunto com a sua militância por todo o estado um programa democrático e popular para Sergipe e discuta, dentro da tática eleitoral, o arco de alianças com partidos alinhados à construção deste programa.
Como não tivemos êxito no diálogo junto ao Presidente Rogério Carvalho, apresentamos a proposta ao conjunto do Diretório que, por maioria, deliberou pela manutenção do tema na pauta de reunião.
Por estes motivos nos retiramos da reunião do Diretório, comunicando que não legitimaríamos uma decisão que fere o Estatuto do PT e fragiliza o nosso partido neste momento histórico.
Por fim, reiteramos o nosso apoio e empenho à realização de atos e mobilizações com a pauta definida pelo Partido dos Trabalhadores e pela Frente Brasil Popular: contra a condenação de Lula, pela saída do presidente golpista (Fora Temer), contra as reformas trabalhista e previdenciária e pela convocação imediata de eleições diretas (Diretas Já).
17 de julho de 2017
Direção Estadual da Articulação de Esquerda – AE/Sergipe