Formar e capacitar pessoas da própria comunidade para potencializar ações voltadas para o enfrentamento à pandemia da Covid-19 em acampamentos e assentamento da reforma agrária, para a promoção de territórios saudáveis e sustentáveis. Este é o objetivo do Projeto de Formação dos Agentes Populares de Saúde do Campo, que foi apresentado na sexta-feira, dia 22, em ato realizado no auditório do Sindicato dos Comerciários de Sergipe, em Aracaju.
O projeto é desenvolvido numa parceria entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o mandato do deputado federal João Daniel (PT/SE), que destinou emenda parlamentar no valor de R$ 500 mil para sua realização. Para Sergipe foram destinados R$ 100 mil. Ao todo, cinco estados do Nordeste participam do projeto: Sergipe, Alagoas, Ceará, Paraíba e Pernambuco.
Em Sergipe, inicialmente o projeto capacitará 40 agentes populares de saúde do campo, das regiões Norte, Sul e Agreste, acampados e assentados que fazem parte do Setorial de Saúde do MST e foram indicados pelos coordenadores. “Nesse primeiro momento, a capacitação se dará ainda de forma on-line, por conta da pandemia, e posteriormente teremos também aulas presenciais, com a participação da Fiocruz, MST, Mops [Movimento Popular de Saúde] e Aneps [Articulação Nacional de Educação Popular em Saúde] e educadores populares”, explicou coordenador estadual do Setorial de Saúde da Direção Estadual do MST/SE, José Ramos.
Saúde preventiva
O deputado federal João Daniel destacou a importância do projeto para a formação de agentes populares de saúde, a partir de uma emenda parlamentar de sua autoria em conjunto com o MST. “Isso é fundamental para que possamos formar gente capaz de pensar a saúde defendendo a vida, a natureza, preservando e aprendendo os conhecimentos históricos do nosso povo da terra; formar gente que passe a aprender, divulgar, e ensinar um novo modo de viver saúde preventiva”, ressaltou.
O parlamentar lembrou que estamos vivendo um período que a nossa geração não conhecia, que é um momento de pandemia que exige que repensemos o futuro da humanidade. “Esse projeto traz na sua essência a saúde preventiva e alternativa. Precisamos educar nossa companheirada a ter uma vida saudável, uma alimentação mais saudável, com a utilização de nossos remédios feitos através da nossa produção de ervas medicinais. Estamos fazendo isso como um compromisso de ajudar e fortalecer todas as iniciativas populares para a construção de uma sociedade que acreditamos: justa, igualitária, fraterna e socialista”, afirmou.
Formação
Os coordenadores estaduais dos cinco estados onde o projeto será executado foram os primeiros a serem capacitados e agora serão os assentados e acampados participantes. O projeto consiste na preparação e capacitação de um grupo para trabalhar com os assentados e acampados no estado para amenizar a contaminação e os riscos que decorrem da Covid-19. “Porque uma coisa é ouvir, mas é preciso entender como tudo se dá para evitar e passar isso para outras pessoas. O povo capacitado para cuidar do próprio povo”, ressaltou Ramos. O curso terá duração de 14 meses, com certificado emitido pela Fiocruz, e, além da capacitação, também será confeccionada uma cartilha norteadora para esse trabalho de saúde preventiva que será distribuída.
José Ramos informou que, embora a pandemia da Covid já esteja numa curva de desaceleração, é importante a formação desses agentes populares de saúde do campo para que as informações sobre como se prevenir da doença e os cuidados pós-Covid cheguem de uma forma acessível e compreensível aos assentados e acampados. Ele destacou também que, felizmente, em Sergipe, o índice de contaminação pela Covid-19 nos assentamentos e acampamentos foi baixo e foram registrados três óbitos, num universo de 274 acampamentos e assentamentos no estado, que totalizam quase 16 mil assentados e mais de 3 mil acampados.
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Por: Edjane Oliveira – jornalista diplomada DRT/SE 967
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