Divertículo não é nada engraçado
Fonte: JULIO LAMAS DIÁRIO SP
Fonte: (TV Globo/Divulgação)
Os fãs ainda estão preocupados com a notícia da hospitalização do humorista Dedé Santana, de 75 anos, na sexta-feira da semana passada, por conta de uma hemorragia estomacal.O ex-trapalhão, ainda internado, deixa em aberto dúvidas sobre o que causou sua internação: a diverticulose, problema comum no sistema digestivo de idosos e com uma alta taxa de morbidade e mortalidade.
A doença diverticular é assim chamada por conta de pequenas dilatações saculares, ou bolhas, que se formam na parede no intestino grosso e tem entre 5 e 10 milímetros de diâmetro. “A doença diverticular cria essas hérnias em pontos mais fracos da mucosa, onde há o encontro entre as camadas musculares longitudinal e circular e a entrada de pequenos vasos sanguíneos”, explica Alexandre Fonoff, chefe do departamento de gastroenterologia do Hospital Bandeirantes, em São Paulo. “O que faz essas protuberâncias expandirem é a pressão exercida pelos gases estomacais ou as contrações da parede do cólon, principalmente em indivíduos com prisão de ventre”, completa.
De acordo com a Organização Mundial de Gastroenterologia (WGO), as chances de se desenvolver doença diverticular aumentam exponencialmente com a idade. Indivíduos com mais de 60 anos têm 30% de chances serem diagnósticados. Aos 80 anos, aumentam para 65%. “A doença diverticular está para o intestino como as rugas estão para a face. A tendência como a idade é que o número de divertículos aumente com o enfraquecimento do intestino e o aumento da pressão no cólon”, explica o cirurgião do aparelho digestivo, Sidney Klajner, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Segundo Klajner, a doença pode causar complicações em 25% dos pacientes, como a diverticulite, que é o entupimento dos divertículos pelas fezes constipadas, causando uma inflamação e um possível quadro infeccioso. “Outro problema da diverticulose é a peritonite, a perfuração do divertículo que sofre uma micro erosão e pode levar à uma hemorragia, caso é do comediante Dedé Santana”, esclarece ele.
Na grande maioria dos casos, a diverticulose se desenvolve de maneira assintomática. E só é constatada por meio de colonoscopia e ultrassonografia. E, embora seja comum em idosos, também pode acometer jovens. “Nos mais velhos, a doença se dá de maneira hipotônica. Ou seja, com o enfraquecimento do intestino, e nos mais jovens de maneira hipertônica, com a força das contrações do cólon, que pode se dar pelo estresse ou por uma dieta pobre em fibras, que dificulta a evacuação de fezes”, afirma Alexandre Fonoff.
Para evitar os problemas da diverticulose, ambos os médicos recomendam uma dieta rica em vegetais e fibras. “A doença está associada ao modo de vida ocidental”, diz Klajner. “Alimentos industrializados, ricos em farinha de trigo e corantes, tornam as fezes duras, exigindo maior esforço e contrações mais fortes do cólon. As fibras deixam as fezes mais pastosas e aceleram a digestão de uma maneira geral”. E completa:”Nas dietas das culturas orientais há menos carne e alimentos processados”.
75%
dos casos não têm males graves
Sintomas
Em de casos de complicações, como a diverticulite e a peritonite, os sintomas podem se manifestar com febre, dores do lado esquerdo do corpo, diarreia, dor ao evacuar ou constipação de longa duração.
4%
são as chances de se ter a doença antes dos 30
Sem relação com o câncer
Não há nenhuma relação comprovada entre o câncer intestinal e a doença diverticular. “Está mais associado às doenças inflamatórias pélvicas”, explica o oncologista Bruno Santucci, do Hemomed, em São Paulo.