As buscas pelos três desaparecidos na queda do helicóptero, na região de Porto Seguro, Bahia, na noite de sexta-feira, foram retomadas na manhã deste domingo. Elas haviam sido interrompidas no fim da tarde deste sábado por conta da falta de luminosidade.
As equipes de resgate buscam por Mariana Nolato, namorada do filho do governador Sérgio Cabral, do empresário Marcelo Matoso de Almeida, que pilotava a aeronave, e Jordana Kfouri, mulher do empreiteiro Fernando Cavendish.
Morreram no acidente Fernanda Kfouri, de 35 anos, seu filho Gabriel Kfouri (2 anos), o sobrinho dela Lucas Kfouri de Magalhães, a irmã Jordana Kfouri (mãe de Lucas), a babá Norma Batista de Assunção. Estão desaparecidos Fernanda de Novelo, de 19 anos, e o empresário Marcelo Mattoso de Almeida, que pilotava a aeronave.
O corpo da primeira das quatro vítimas, Lucas Kfouri, de 3 anos, foi enterrado no fim da noite de sábado no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio. Para lá também foram levados os corpos de Fernanda Kfuri, de 35 anos, e de seu filho, Gabriel Kfouri, de 2, que serão velados na manhã deste domingo.
O corpo da quarta vítima, Norma Batista de Assunção, de 49 anos, que era babá das crianças, foi levado para a cidade de Teolândia, no interior da Bahia.
Habilitação de piloto estava vencida há seis anos
O empresário Marcelo Mattoso de Almeida, 48 anos, que pilotava o helicóptero modelo Esquilo PR-OMO — que caiu sexta-feira na Praia de Itapororoca, em Porto Seguro (BA), com sete pessoas, incluindo a namorada do filho do governador Sérgio Cabral —, estava há seis anos com habilitação vencida para esse tipo de aeronave, segundo o site da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Quatro pessoas morreram no acidente e três estão desaparecidas.
A página de consulta de licenças da Anac mostra que, como piloto privado de helicóptero desde 17 de julho de 2000, Marcelo era habilitado para conduzir quatro tipos diferentes de helicópteros, mas todas as autorizações estavam fora do prazo de validade. Além disso, seu certificado de capacidade física, expedido pelo Centro de Medicina Aeroespacial (Cemal), expirou em 30 de agosto de 2006.
Pelo documento, o tipo de habilitação H350 (que autorizaria Marcelo a conduzir o PR-OMO) venceu em junho de 2005. Na mesma situação se encontravam as permissões para os seguintes modelos, todos de pequeno porte: BH06 (que não era renovada desde outubro de 2004), EC30 (desde dezembro de 2006) e RHBS (desde julho de 2005).
Uma hipótese para a não renovação das habilitações seria problema relacionado à saúde do empresário. Três especialistas consultados por O DIA afirmam que Marcelo tinha pouca experiência, pois não poderia computar horas de voos com permissões vencidas.
Sem carteira regularizada, o empresário também não poderia fazer planos de voos para trajetos longos, o que é recomendado pela Anac. Já para rotas curtas — o trajeto da noite de sexta-feira duraria cerca de dez minutos —, a norma é que o piloto notifique a agência. O órgão regulador informou que não vai se pronunciar enquanto durarem as investigações.
Marinha avisou sobre mau tempo
O mau tempo pode ter sido uma das causas do acidente. Segundo a Marinha, na sexta-feira havia um aviso de condições meteorológicas desfavoráveis para a região e, na hora da queda, chovia fino e ventava. A Aeronáutica, no entanto, informou que durante o voo o piloto não fez contato com o controle de tráfego aéreo local para informar sobre anormalidades.
As buscas pelos desaparecidos com mergulhadores e helicópteros foram interrompidas no fim da tarde de ontem devido à pouca visibilidade. Mas dois navios da Marinha permaneceram no local, um deles com sonar. O equipamento pode ajudar a encontrar no fundo do mar o corpo da aeronave, perto de onde pode haver vítimas. As buscas serão retomadas hoje.
A investigação da queda do helicóptero está a cargo do 2º Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidente da Aeronáutica, em Recife (PE).
Investimento de milhões em resort de luxo
O Jacumã Ocean Resort, para onde ia o helicóptero, é um empreendimento milionário no Sul da Bahia. Construído por seis empresários, é destino frequente de integrantes da alta sociedade carioca.
Um dos sócios era o piloto Marcelo Almeida, da incorporadora The First Class Group.
Apenas em infraestrutura, os empresários já investiram R$ 7 milhões no resort. A manutenção e despesas com os 50 empregados do resort custam R$ 120 mil por mês. Para entrar no local, só com a aprovação de todos os sócios.
Foto: Joa Souza / A Tarde
Foto Piloto: Reprodução / Site Anac
Fonte: O Dia OnLine Rio