Numa cerimônia emocionante, o educador popular, militante da luta pela terra e um dos fundadores da Organização Não Governamental Centro Dom José Brandão de Castro (CDJBC), Carlos Alberto Santos, recebeu da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Sergipe (ALESE) a Medalha de Direitos Humanos “Dom José Vicente Távora”.
Familiares, amigos, equipe do CDJBC e companheiros de luta que acompanharam sua trajetória prestigiaram a solenidade de outorga, que foi realizada na tarde da última segunda-feira, 09, no plenário da Casa Legislativa de Sergipe. A indicação foi do deputado estadual Iran Barbosa (PT).
Ao ressaltar o papel do coletivo para a transformação social, Carlos destacou que “nada seria possível se não tivesse encontrado nessa trajetória de mais de 40 anos junto aos movimentos sociais, companheiros e companheiras que
Analisando o cenário de retrocessos no campo da democracia, dos direitos sociais e do aumento das desigualdades sociais, Carlos Alberto destacou a necessidade de os movimentos sociais e lutadores do povo permanecerem em riste na defesa de uma sociedade justa e igualitária. “Hoje, com meus 69 anos de vida, sinto que temos muito por fazer, pois infelizmente existem forças contrárias que negam a milhares de cidadãos garantias mínimas humanas previstas, inclusive em nossa constituição”, lamentou.
Conselho de DH
O homenageado aproveitou o discurso para manifestar sua indignação com a ausência do Conselho de Direitos Humanos, que há quase 12 anos foi criado por meio da Lei Complementar nº 147/2007, mas que nunca foi instalado. “Por isso, peço a esta Casa Legislativa o compromisso de cobrar do Estado a sua instalação”, reivindicou.
Em resposta, o deputado Iran Barbosa, destacou prontamente que apresentou na Casa Legislativa a Moção 49/2019 de apelo ao governador do Estado Belivaldo Chagas que tome as medidas necessárias para a efetiva instalação do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. “A Moção já foi devidamente aprovada pela unanimidade dos parlamentares sergipanos”, completou o deputado, ressaltando que está atento à pauta.
Sobre o homenageado
Em seu discurso, Carlos Alberto apresentou brevemente sua trajetória de vida, marcada por uma infância de poucas oportunidades e por uma juventude imersa nos movimentos sociais. Em 1974, ele ingressou no movimento de educação de base (MEB), e desde então, traçou uma trajetória de resistência no campo dos direitos humanos, em especial na luta pela terra e no campo da educação popular.
No MEB, ele assessorou comunidades ribeirinhas, quilombolas, o povo Xokó, assentamentos da reforma agrária e comunidades agrícolas por meio de processos de Mobilização Social e Formação Política pautada na Teologia da Libertação. Deu valorosa contribuição no processo de organização sindical de trabalhadores e trabalhadoras rurais, e de movimentos populares do Baixo São Francisco e do Alto e Médio Sertão Sergipano
“Na década de 1990, tive a oportunidade de continuar sonhando com um mundo melhor, com o advento da criação do CDJBC, onde pude ampliar junto com os demais companheiros a perspectiva de levar, principalmente aos irmãos e irmãs do alto sertão sergipano, a oportunidade no que tange o acesso à terra e à água, por meio de estratégias de uma educação contextualizada e popular”, destacou o homenageado, reforçando o papel desempenhado pela instituição em Sergipe, na qual permanece atuando até os dias atuais, enquanto Educador Popular.
Sobre a Medalha
A Medalha Dom José Vicente Távora de Direitos Humanos foi instituída por meio do Projeto de Resolução 10/2010, de autoria da deputada Ana Lúcia, com o objetivo de reconhecer o trabalho e o esforço de militantes e personalidades na promoção e defesa dos direitos humanos em nosso Estado.
Conhecido como “Padre dos Operários”, Dom José Vicente Távora, patrono da Medalha, guarda semelhanças com o homenageado. Uma das inspirações do CDJBC, Dom Távora vivenciou plenamente os preceitos de sua religião, pregando nas palavras e nas ações a humanização da sociedade e o verdadeiro senso de fraternidade. Pernambucano do município de Orobó, nascido em 1910, Dom Távora chegou em Sergipe em 1958, foi Arcebispo da Arquidiocese de Aracaju, e foi um dos criadores do Movimento de Educação de Base em Sergipe, que ajudou na organização e fundação dos primeiros sindicatos de trabalhadores rurais em nosso Estado.
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Por: Débora Melo – Jornalista
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