Nesta quinta-feira, 13, durante a 25ª, 26ª e 27ª sessões extraordinárias, os vereadores da Câmara de Aracaju aprovaram, em regime de urgência, o Projeto de Lei nº 125/2024, de autoria do Poder Executivo, que reajusta a remuneração dos servidores públicos municipais em 4%. Além disso, o piso remuneratório proposto foi de R$ 1.412.
Durante a votação, os vereadores ouviram o senhor Nivaldo Fernando, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sepuma), que utilizou a tribuna para protestar contra o percentual proposto pelo Executivo. “Decidimos não acompanhar o que está disposto no projeto de lei e, sim, o que está disposto na mensagem que o prefeito enviou a esta Casa parlamentar. A mensagem era de um reajuste de 4,62%. É mentira que fomos consultados pela Prefeitura ou que os números foram apresentados ao sindicato”, lamentou.
03 emendas foram apresentadas ao projeto; porém, somente 01 foi aprovada
O vereador Isac Silveira apresentou 03 emendas ao projeto de lei proposto pelo Poder Executivo. No caso da emenda 01, o vereador propunha uma nova redação ao PL, alterando o percentual de 4% para 4,62%, a partir do índice inflacionário.
Em relação à emenda, faltava parecer da Comissão de Constituição e Justiça. A comissão é composta pelos vereadores Pastor Diego, na presidência, Sgt. Byron, Anderson de Tuca, Emília Correa e Isac Silveira.
O pastor Diego, presidente da Comissão, explicou que é favorável ao servidor público. Porém, afirmou que era competência exclusiva do Poder Executivo, ou seja, do prefeito, o reajuste de servidor, sobretudo, porque isso implicaria em aumento orçamentário. “Dessa forma, vejo vício de iniciativa nessa emenda e, como profissional de direito, não posso aprovar”.
O vereador Isac, por sua vez, autor da emenda, disse que o prefeito cometeu erros no projeto e que falhou ao afirmar que conversou com as categorias e que o percentual proposto era o maior possível. Segundo o vereador, o maior índice era 4,62% e não 4%, de acordo com a inflação. “Desde 2017, o prefeito não recebe os sindicatos, isso não é ser democrático, é ser neoliberal”, comentou.
A vereadora Emília Correa votou a favor da emenda. “Veja o constrangimento que a Comissão de Justiça e Redação está enfrentando ao ter que aprovar algo que tem vício de iniciativa ou levar em conta a técnica jurídica. O que poderia fazer? O projeto deveria retornar para o Executivo e voltar para esta Casa corrigido, com o percentual de 4,62%. Eu lamento termos que votar nos 4%, porque se não for isso, vai ser 0% de reajuste”.
Como o vereador Anderson de Tuca, que integra a Comissão, não estava presente, o vereador Pastor Diego atribuiu a responsabilidade do voto ao vereador Elber Batalha, que também se mostrou contra a emenda, alegando inconstitucionalidade.
“A mensagem enviada pelo Executivo não se vincula ao texto do projeto e, pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o limite prudencial permitiria que o prefeito desse um reajuste de 11% para chegar no primeiro limite. O Executivo postergou a discussão e, com o período eleitoral, o máximo permitido é o índice inflacionário. A prefeitura poderia ter dado um reajuste de 11% até o dia 05 de abril. Só que isso é iniciativa privativa do Executivo e, por isso, o percentual não pode ser alterado pelo Legislativo”, explicou. Dessa forma, dentro da Comissão votaram contra a emenda, por inconstitucionalidade, os vereadores Pastor Diego, Sgt. Byron e Elber Batalha, e a favor da emenda, a vereadora Emília Correa e Isac Silveira.
O autor da emenda, Isac Silveira, pediu recurso e, por isso, foi aberta votação nominal. Por 11 votos a 10, a emenda foi rejeitada. Votaram a favor do recurso os vereadores: Camilo, Adriano Taxista, Isac Silveira, Sônia Meire, Sheyla Galba, Ricardo Marques, Emília Correa, Breno Garibalde, Cícero do Santa Maria e Eduardo Lima.
Votaram contra o recurso e, consequentemente, a emenda, os vereadores: Bigode, Elber Batalha, Pastor Diego, Vinícius Porto, Soneca, Sgt. Byron, Joaquim da Janelinha, Binho, Dr. Manuel Marcos, Prof. Bittencourt e Paquito de Todos. O vereador Pastor Diego reforçou que “essa rejeição da emenda não é política e, sim, técnica, jurídica e com responsabilidade”.
A segunda emenda foi retirada e a terceira foi aprovada. Ela determina que: “fica vedado ao Poder Executivo Municipal a possibilidade de qualquer tipo de compensação no percentual aplicado de revisão disposto no ‘caput’ do art. 1º, às categorias de servidores que tenham obtido êxito em decisões judiciais proferidas pelo Poder Judiciário, ou que gozem de piso salarial fixado por Emenda Constitucional ou Lei Federal.” A emenda foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça, assim como na de Finanças.
Após a aprovação das emendas, alguns vereadores ainda discutiram o projeto. A vereadora Sônia Meire destacou que “temos percebido a elevada precarização do trabalhador, não somente na questão salarial, mas também do próprio local de trabalho. Não houve possibilidade de negociação com a prefeitura. Precisamos analisar quando é que vamos garantir, de fato, a valorização dos servidores. Foram 05 anos sem reajuste. Tem trabalhador que vai receber menos que 1 salário-mínimo. Estamos com foco na defesa do servidor público e o Executivo tem retirado direitos e não paga o piso de diversas categorias. Parabenizo os servidores pela luta unificada”, finalizou.
Já o vereador Vinícius Porto defendeu o Projeto de Lei enviado pelo Executivo, ressaltando que “os servidores respeitam o salário que recebem e buscam fazer o melhor para a cidade. Gostaria de homenageá-los. Recentemente, discuti uma matéria legislativa e disse que projeto que retirasse direitos dos servidores não seria apoiado por mim. O prefeito encaminhou um projeto de reajuste, que foi possível dentro das regras eleitorais”.
Por fim, o projeto foi aprovado na Casa Legislativa e segue para sanção do prefeito. O presidente da Casa, Ricardo Vasconcelos, finalizou a sessão extraordinária destacando que “tenho certeza de que os servidores sabem que os vereadores desta Casa Parlamentar não os deixaram na mão”.
Relembre o caso
No dia 16 de maio de 2024, o presidente da Câmara recebeu os representantes de sindicatos dos servidores municipais de Aracaju, como o Sindicato dos Profissionais do Ensino do Município (Sindipema), o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (Sepuma), o Sindicato dos Agentes de Saúde e Endemias do Município de Aracaju (Sacema), assim como representantes do SMTT e da categoria dos enfermeiros.
Também estiveram presentes os vereadores Sônia Meire, Pastor Diego, Isac Silveira e Ricardo Marques. A finalidade da reunião foi discutir sobre o reajuste salarial de 4% dos servidores municipais, que foi anunciado pela Prefeitura na terça-feira (14/05). Segundo os sindicatos, a prefeitura divulgou o percentual de reajuste sem conversar com os sindicatos e enviou o projeto para a Câmara de Vereadores.
A solicitação dos sindicatos foi de que se adiasse a votação do projeto, o que foi feito pelo presidente da Casa, o vereador Ricardo Vasconcelos. De acordo com o vereador Ricardo, “recebemos diversas categorias na Câmara Municipal que estiveram preocupadas com o projeto encaminhado pelo Executivo, que concede o reajuste de 4%. Eles têm uma ideia de que é possível proporcionar um ganho maior com a recomposição inflacionária do período anterior. Entendemos também que isso é plausível, mas não depende da Câmara de Vereadores. Nesta Legislatura, nós sempre estivemos ao lado de todos os funcionários públicos, apoiamos todas as causas que eles encamparam, mas nesse ponto específico nós temos que ter um diálogo mais profundo. Precisamos construir as pontes com o Executivo porque diz respeito a uma competência exclusiva de outro poder. Afirmamos o nosso apoio, vamos tentar abrir esse diálogo e pensar nessa possibilidade de aumentar esse percentual com o foco na recomposição inflacionária”, explicou.
Foto: Gilton Rosas
Por: Camila Farias