Em alusão ao Dia Nacional e Municipal de Luta da Pessoa com Deficiência, comemorado no dia 21/9, a Câmara Municipal de Aracaju (CMA), realizou nesta sexta-feira, 19/9, Sessão Especial para homenagear a data. A propositura foi de autoria do vereador Lucas Aribé (PSB) e faz parte da programação do “Aracaju Acessível” 2014 que, este ano, traz como tema “Boas Práticas Cidadãs de Acessibilidade”.
Para o autor da propositura e criador do “Aracaju Acessível, vereador Lucas Aribé, é importante que se pense uma cidade acessível para todos. “Isso é o que diz o conceito de acessibilidade. Ainda existem pessoas que acham que acessibilidade só é para idosos e deficientes. Acessibilidade deve ser encarada para a cidade como um todo, para todos os cidadãos”, afirmou.
Lucas destacou, ainda, que para construir uma cidade acessível, algumas barreiras precisam ser eliminadas. “Principalmente barreiras arquitetônicas; comunicacionais; no ambiente de trabalho; no transporte; além das barreiras atitudinais. Temos que combater o preconceito e a discriminação e fortalecer a corrente de luta pela igualdade de oportunidades”, frisou.
O primeiro a usar a Tribuna do Parlamento foi o deficiente visual Robyson Guidice, professor da Coordenadoria de Apoio Educacional à Pessoa com deficiência (Coepd). Robyson contou que perdeu a visão aos 15 anos de idade e que, por causa disso a sua vida parou, impossibilitando o seu crescimento profissional.
Robson falou, ainda, sobre a importância de se ter entidades voltadas para práticas inclusivas que eliminem barreiras e promovam a inclusão na sociedade. “Foi através do trabalho do então Centro de Apoio Pedagógico para Pessoas com Deficiência que possibilitou o resgate dos meus sonhos e das minhas perspectivas. Essa instituição foi o fator de natureza administrativa pública que me possibilitou estar de volta à sociedade”, frisou.
O estudante e deficiente físico, José Valmir Rodrigues fez questão de compartilhar um pouco da sua história. José Valmir contou que era cadeirante e, que após um longo período intenso de fisioterapia, hoje, anda com a ajuda de muletas. “Pensei que nunca fosse conseguir. Hoje estou em pé e agradeço a todas as pessoas que me ajudaram. Antes minha mãe me carregava nos braços para ir ao médico e fazer a fisioterapia e, graças ao trabalho desenvolvido, sou mais independente”, disse.
O auxiliar administrativo do Jovem Aprendiz e deficiente auditivo, Ronaldo Martins de Souza afirmou que é preciso avançar na busca por trilhar caminhos acessíveis. “Precisamos de aceso a calcadas, escolas, informações e a comunicação. Temos que ter acesso ao trabalho para termos uma vida digna, cidadã e, para isso, é necessário o acesso a projetos e programas que estimulam o ingresso dos jovens deficientes ao mercado de trabalho”, destacou.
O presidente do Centro de Surdos de Aracaju (Cesaju), Pablo Ramon Lima de Barros, cobrou mais respeito com os surdos. Segundo ele, é preciso que se tenham duas coisas essenciais para o convívio dos deficientes auditivos na sociedade: respeito com a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e acessibilidade de comunicação com a presença de intérpretes em diversos setores.
“Todo mundo acha que libras é uma linguagem e usa gestos. Libras é uma língua com regras de gramática e favorece a comunicação dos surdos. É preciso ter respeito com a nossa língua”, ressaltou. Sobre a necessidade de intérpretes, Pablo lembrou da importância, para o surdo, do acesso à comunicação. “Imagine como seria nos hospitais, bancos, escolas. No médico, como surdo vai se comunicar com ele? Pode ate gerar uma interpretação errada do diagnóstico e causar até a sua morte”, pontuou.
O vice-presidente do Cesaju, Geraldo Ferreira, contou sobre a criação do Centro e o papel que ele vai desempenhar na sociedade. “O Cesaju é uma instituição de extrema importância. É o primeiro de referência em Sergipe e estamos começando agora com o objetivo de ser a primeira semente para que possa difundir nos municípios e ajudar na criação de outras associações de surdos”, disse.
Por Bruno Almeida
Foto: Acrisio Siqueira