Na década de 70 a dificuldade de compor
e cantar era uma gestão complicada pois
tínhamos a censura, todas as nossas
composições teriam que passar nas mãos
de um censor da polícia federal e o meio
musical de composições era quase todo
masculino. Muito pelo pré-conceito que
havia, se um jovem rapaz queria ser cantor e
compositor era uma desfeita para a família
e os comentários eram pesados: Não quer
nada com a hora do Brasil; Esse ai é um
vagabundo; Isso é um maconheiro safado,
ou um pederasta. Agora imagine para uma
mocinha de família se meter nessa “roubada”.
Nos carnavais dessa época brincávamos
em blocos nas ruas e em carretas que
desfilavam pelas ruas de Aracaju dois blocos
se destacavam, o bloco Rebú comandado pelo
Paulo Bedeu e o Bloco Rekaida com muitos
amigos como Emanuel Dantas, Marcelo
Torres, Alexi Pinheiro, Bujão, Lia, Joaquim,
Carlinhos e tantos outros amigos e amigas.
Uma menina loirinha chamava muito atenção
pela beleza. Joésia filha de seu Ursino Ramos
que morava na ladeira da São Cristóvão em
frente a meu bisavó Juvino Fontes e irmã de
Byron, hoje o pediatra Byron Ramos.
No primeiro dia do bloco estávamos todos
esperando a carreta e ai comecei a escutar
uma macha rancho linda que dizia:
Nós estamos sempre juntos em qualquer lugar
E sempre temos mais algum amigo para
esperar
Nesse carnaval as nossas mãos vão se ligar
E no contato de um abraço a solidão vai se
mandar
“E é de Rakaida que esse ano eu vou sair
De peito aberto para um novo amigo que surgir
A dor e a saudade num baú vou sufocar
E carinhosamente um lindo amor vou shapear”
Agora ouço a força das nossas vozes de porre
Gritando o brilho eterno desse sol que nunca
morre
Nos olhos desse bloco quero um sorriso beber
Até que a quarta feira faça o carnaval
adormecer
E é de Rekaida que esse ano eu vou sair…
Reprodução: Portal Imprensa1