É de repente que Paul McCartney baixa em Cauby Peixoto. Quando fala sobre conservar os graves de sua voz em noites de sono bem dormidas, seu queixo treme, suas mãos gesticulam e ele olha a quem está por perto com pupilas saltadas, como se aquele camarim do Bar Brahma fosse seu palco.
A música vem sem idioma definido, mas com melodia certa.
“De loooongin uaidiiing rooouud… Roouud… Ouviu? Roouud… Essa é a voz aguda. Agora veja: De looongin uaiding rooooad, essa é a voz grave.
Gosto mais dos graves, eles têm mais nuances.”
Cauby canta The Long and Winding Road, dos meninos de uma banda inglesa que ele descobriu há poucos meses.
Espertos, esses Beatles não só parecem ter clonado seu figurino para posarem na capa do LP Sgt Peppers, de 1967, como criaram músicas para seu vozeirão.
“Só ouvi o que eles gravaram agora. Quando estouraram, eu só curtia Frank Sinatra.
” Sobretudo por suas canções mais doces, os Beatles são a bola da vez no circuito homenagens de Cauby Peixoto, 80 anos.
Ele já professou sua fé em discos aos ídolos Frank Sinatra e Roberto Carlos e, antes de fazê-lo a Nat King Cole, lança a caixa Cauby – o Mito – 60 anos de Música, pela Lua Music.
São ao todo três CDs: A Voz do Violão, Caubeatles eCauby ao Vivo – 60 Anos de Música, que sai também em DVD.
Caubeatles é uma façanha sob vários ângulos – além do próprio nome.
Cauby Peixoto dá a Lennon e McCartney o vozeirão de era do rádio que eles nunca tiveram. O beatlólogo purista pode se contorcer de raiva.
As fãs de Cauby, de emoção.
Fonte: http://www.estadao.com.br