O mês é setembro, a cor é verde, a palavra é doação e o resultado é vida. O setembro verde vem, mais uma vez, para sensibilizar e conscientizar a população sobre a importância do ato de doar órgãos e tecidos. Pensando nisso, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), através da Central de Transplantes de Sergipe, lança a campanha ‘Seja você também um herói’ com ações em comemoração ao Dia Nacional da Doação de Órgão, a ser celebrado no próximo dia 27. Sergipe realiza, dentre outros, o transplante de córnea e, atualmente, 194 pacientes aguardam uma córnea que pode ser retirada do doador até seis horas da parada cardiorrespiratória, mas que depende e precisa da autorização dos familiares.
O Brasil possui o maior sistema público de transplante do mundo e 96% dos transplantes são financiados e realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o coordenador da Central de Transplantes em Sergipe, Benito Oliveira Fernandez, o SUS que paga a captação de órgãos e tecidos e disponibiliza para os planos de saúde.
“Nem todo plano de saúde paga transplante. Hoje, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) participa nas questões de transplante renal e de córneas. Transplante hepático, de intestino, de pâncreas, de coração, só o SUS paga. Então é importante que a sociedade tome conhecimento disso. Podemos ter o melhor profissional, a melhor instituição de plano de saúde, mas se não tivermos a mola propulsora do transplante que é o doador, nada poderá ser feito. Infelizmente nós não fabricamos órgãos ainda, a gente espera que um dia consigamos isso, então o transplante depende do doador e da autorização da família para essa doação”, diz Benito.
Há dois tipos de doador falecido, aquele com o coração parado que não doa órgãos, mas pode doar as córneas até seis horas depois da parada cardíaca e o paciente falecido com o coração batendo que tem morte encefálica diagnosticada pelo profissional de saúde, que está onde há o suporte avançado de vida, na UTI, na sala de recuperação pós-anestésico, com um respirador artificial para manter o coração batendo. Depois que a família autoriza a doação são necessárias 24 horas para a realização de exames específicos e disponibilização do órgão.
“O coração, por exemplo, tem 4 horas entre a retirada e o implante então, enquanto estamos agilizando a retirada já está sendo localizado o potencial receptor. Ele precisa estar no hospital, no centro cirúrgico, porque enquanto tira um órgão ele já tem que estar preparado para receber. A família do doador precisa participar desse processo, precisa ser bem acolhida no hospital. A família que sente esse acolhimento tende a ser doadora mas, infelizmente aqui no estado de Sergipe temos um índice altíssimo de recusa familiar. O preconizado aceitável é de 40% e nós temos o índice de 74% de recusa familiar no estado e isso não significa que sergipano seja ruim, mas que a informação não chega até ele”, ressalta o coordenador.
A Central de Transplante funciona no anexo do Hospital de Urgências de Sergipe (Huse) e o telefone para contato é (79) 3259-2899. “Nós temos lá o projeto Educar para Doar que faz palestras em escolas mostrando aos adolescentes como é o processo de doação de transplantes, para que a pessoa sabendo, se apropriando desse conhecimento, tome uma posição mais favorável à doação” comenta Fernandez.
Foto: Flávia Pacheco
Fonte: Ascom SES/SE