Nesta quarta-feira, 18, às 9h30, entidades que integram o Comitê Sergipano Popular pela Vida (COPVIDA) realizarão abraço simbólico às famílias às mangabeiras que têm sofrido com o avanço das máquinas e de agentes públicos na área de preservação das mangabas, desde que a área que era da União e se situa nas proximidades do conjunto 17 de março, no bairro Santa Maria, foi doada em 20 de maio deste ano à Prefeitura Municipal de Aracaju. A concentração do ato será em frente ao segundo campo de futebol da área de extrativismo de mangaba, no bairro Santa Maria, próximo ao 17 de março.
Devido ao momento da pandemia da Covid 19, o abraço será simbólico e representará um clamor coletivo de apoio à natureza, ao meio ambiente e ao fazer de quem vive a mais de 60 anos da atividade extrativista de cultivo da mangaba – patrimônio cultural da sociedade sergipana.
Infelizmente desde 1960 muitos dos cultivos dessa região (mangaba, ouricuri, cajueiros) foram diminuindo ao longo dos anos, mas a resistência por sua preservação continua representada, agora somente pelas 11 famílias que restaram, reconhecidas pela Assembleia Legislativa de Sergipe como comunidade tradicional extrativista e, por isso protegida internacionalmente.
De acordo com Uilson, Presidente da Associação de Catadoras e Catadores de Mangaba Padre Luis Lenper, “a preservação desta área e a nossa atividade e memória, está muito comprometida com o avanço de máquinas na área, além da inserção de agentes públicos na parte interna de preservação extrativista. Temos receio de perdermos ainda mais mangabas, pois todas as investidas para que o Prefeito de Aracaju nos ouvisse não tiveram êxito. Como acreditar em projeto que afirma que irão preservar nossa área sem a ouvida de quem vive nela a mais de 60 anos?”, desabafa e lamenta.
No sábado, 7 de agosto de 2020 as famílias encontraram a área com mais de 60 árvores derrubadas (entre cajueiros, ouricuris e mangabeiras), além da derrubada de toda a cerca que protegia a área de posse dos/as extrativistas e a destruição do barraco de um dos extrativistas.
Para Lídia Anjos, do Movimento Nacional de Direitos Humanos de Sergipe, integrante do COPVIDA, grande parte da crise sanitária que vivemos hoje se deve também a forma agressiva de como a humanidade tem se relacionado com o meio ambiente. “É preciso refletir sobre a pandemia no sentido de melhorarmos nossas relações “no e com” o mundo, compreendendo urgentemente que isso passa pela preservação da natureza e de nossas comunidades tradicionais (indígenas, quilombolas, povos de terreiro, marisqueiras, pesqueiras, ciganas).