Mais de 732 famílias de rizicultores do município de Ilha das Flores estão apreensivas com o risco de perderem suas terras em leilões para o pagamento das dívidas geradas junto ao Banco do Nordeste para fomentar a produção de arroz.
Inseridos no programa da CODEVASF, os rizicultores reclamam que só tiveram prejuízo ao longo dos 17 anos em que se acumula a dívida. A deputada Ana Lúcia (PT) participou da reunião realizada na manhã da última sexta-feira, 30, na sede da Associação de Rizicultores para buscar soluções para o problema.
A situação se agravou ainda mais desde que o Banco Nordeste assinou um documento assegurando ao Tribunal de Contas da União que irá tomar as medidas necessárias para saldar a dívida com todos os devedores.
“A gente vai precisar ter uma audiência com eles para explicar que esta ordem do TCU vai gerar desordem, desemprego, falta de alimentos. Então vamos à luta, organizados, unidos, para encontrar a melhor saída”, avaliou a deputada.
A maior parte dos rizicultores presentes na reunião compartilhava do mesmo problema.
Produziram arroz em suas terras e foram induzidos pela gerente do Banco do Nordeste, identificada pelo nome de Elma, a entregar sua produção para os proprietários de uma usina da região que realizavam o faturamento do arroz.
No entanto, o que recebiam em troca eram valores irrisórios. Muitos rizicultores chegaram a entrar na Justiça comprovando o prejuízo a partir de laudos técnicos da Codevasf, mas de 300 agricultores que entraram na Justiça, apenas quatro ou cinco foram vitoriosos.
Outros agricultores citaram que o banco também teve culpa porque demorou a liberar a verba e quando ela foi disponibilizada já era inverno, e a chuva acabou com a produção. Um dos rizicultores tentou não usar o recurso no período do inverno alertando ao gerente do BNB identificado como Jorge que estava cansado de ter prejuízo. “Ele me respondeu que se a gente não usasse o recurso, íamos ficar cinco ou seis anos sem poder pegar empréstimo do banco. Então nós plantamos e aconteceu como tínhamos previsto: a chuva acabou com tudo”, lembrou o rizicultor.
Alguns rizicultores já perderam suas terras com lotes de 10 a 20 tarefas em leilões organizados para amortizar as dívidas.
Fonte: Assessoria