Em julho deste ano, Carlos Henrique, de 32 anos, morreu durante uma festa eletrônica realizada no Bairro Mosqueiro, em Aracaju. De acordo com os médicos, o laudo inicial já apontava o uso de um psicotrópico, porém o inquérito do DHPP e o laudo do IML ainda serão concluídos. Depois disso, o perito Ricardo Leal em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) conseguiu identificar em análise qual seria a droga que, coincidentemente, entrou na lista da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no início do ano.
“Essa substância não era proibida no Brasil até março deste ano, quando a Anvisa atualizou a portaria 344. É uma substância que está circulando não só aqui, mas em diversos estados do Brasil. Levamos uma amostra de sangue da vítima para a Unicamp. Lá o professor José Luiz Costa se colocou à disposição para nos ajudar, para que nós pudéssemos fazer essa análise lá, então levamos o material para o laboratório de toxicologia do Hospital das Clínicas da Unicamp e a partir daí identificamos uma substância chamada n-etil pentilona. Foi a única substância ilícita que encontramos na mostra de sangue e que, possivelmente, produziu a intoxicação e foi um dos fatores que levou à morte”, relatou o perito da SSP/SE.
De acordo com a literatura científica, essa droga causa euforia, agitação, aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos. Segundo os relatos acompanhados pelo perito da SSP/SE, ela tem uma potência maior que o ecstasy, o que pode contribuir para a morte do usuário. “Segundo relato da doutora Mônica Santana, que é perita médica legal que realizou a necropsia, pode ser um fator que contribua para a morte. Ele foi intoxicado por essa substância. Então podemos afirmar é que consumo dessa droga contribuiu sim para a morte dele”, explicou Ricardo Leal.
Primeiro caso no país
“Esse foi um fato inédito no Brasil. Nós não temos nenhum outro registro relacionado a essa droga como sendo um fator de influência para morte de alguém, até por ser uma droga sintética relativamente nova. Outro registro de morte possivelmente provocado por essa droga foi nos Estados Unidos, no qual encontramos em um artigo científico no início deste ano. Essa inclusive foi a mais consumida no primeiro semestre nos Estados Unidos. Infelizmente acabamos identificando a presença dessa droga em um caso com vítima fatal, mas sempre estamos alertando para que as pessoas não consumam drogas porque ocorreu com essa, mas novas drogas sintéticas sempre aparecem e infelizmente outras pessoas também poderão morrer caso consumam essas substâncias”, destacou o perito Ricardo Leal.
Ricardo aponta ainda que infelizmente o tráfico de drogas tem sido intensificado a cada dia. Ele comenta também que visivelmente não é possível identificar quais substâncias estão em uma amostra de droga sintética, apenas realizado uma análise química. Inclusive pode-se ter duas ou três substâncias diferentes em um único comprimido. “Identificamos essa substância no segundo semestre do ano passado em alguns comprimidos semelhantes a ecstasy e selos semelhantes a LSD, e também na forma de cristais. Essas drogas são produzidas principalmente na China, 90% delas, e no Leste Europeu, são as informações dos relatórios da ONU. Esse tráfico geralmente acontece nos aeroportos, onde as pessoas escondem nas bagagens na maioria das vezes e trazem em pequenas quantidades, o que pode facilitar o tráfico”, disse o perito.
Alerta
“O nosso conselho é que as pessoas não consumam drogas sintéticas porque não é possível saber quais substâncias estão presentes e quais os males que elas podem fazer à saúde do usuário. O que podemos afirmar é que há um grande risco para quem consume essas drogas”, afirmou Ricardo Leal.
Reproduçâo: www.imprensa1.com
Por: Ascom da SSP/SE