“Eu quero que os culpados sejam presos, principalmente a mãe das minhas filhas que é a pior de todas por ter permitido que essa desgraça acontecesse com as minhas filhas. Eu quero ela na cadeia!”, esse é o relato em tom de desabafo do pai das crianças de seis, sete, oito e 11 anos que supostamente teriam sido vítima de abusos sexuais na cidade de Itaporanga D’Ajuda, com a conivência da mãe.
O pai das crianças, que não será identificado por questões de segurança, conversou com exclusividade com a equipe de jornalismo da Rádio Liberdade FM e contou, com detalhes, o que, supostamente, teria acontecido com as suas filhas. De acordo com ele, as meninas foram sim abusadas. “Minhas filhas estão falando isso e não tem como essas crianças inventarem essa história. Vejo nos olhos delas que isso é verdade e que elas sofreram. Não é fácil, não durmo de noite e tenho pesadelos. Já sonhei indo tentar salvar as minhas filhas. Tenho muita fé em Deus que tudo vai ser resolvido e os culpados punidos”, desabafou.
Um laudo feito pelo Instituto Médico Legal (IML) de Maceió, seria a prova de que houve a conjunção carnal. “O conselheiro tutelar Fernando me disse. Ele falou que a delegada de Proteção à Criança confidenciou a ele que o laudo apontou isso”, ressaltou.
Muito emocionada, a avó das meninas, relatou como conseguiu descobrir os supostos abusos por parte das crianças. “Estranhei quando as meninas de sete e oito anos começaram a me perguntar se na minha casa entrava muito homem. Comecei a perguntar e elas disseram que onde elas viviam entravam muitos homens que ficavam tirando liberdade com elas e as suas roupas. Procurei o conselho para denunciar porque só o conselho, que é autoridade, poderia entender melhor o que estava acontecendo”, disse.
Sem conseguir conter a emoção, a avó afirmou que não conseguia acreditar que suas netas tinham passado por tudo aquilo. “É muito difícil de acreditar e dou graças a Deus que elas sobreviveram, porque foi muita falta de amor da parte da mãe. Ela deveria proteger os filhos e não permitir uma barbaridade dessas”, lamentou.
Segundo a criança de onze anos, a mãe foi quem as levou para o suposto abuso. “Estávamos em casa dormindo e minha mãe me acordou às 4h, da madrugada. Me colocou, junto com minhas irmãs em uma caminhonete cinza e disse que era para a gente ir com os homens que foram nos buscar para a fazenda. Perguntei se ela iria e ela disse que não porque iria para o curso. Foi aí que perguntei o que a gente ia fazer lá, e ela disse que isso era por conta dos homens”, frisou.
A jovem afirma que eram cerca de 10 homens, entre eles estava Roni, atual namorado da mãe. “Também tinha o Júlio, Gustavo e Augusto e quem comandava tudo era o Roni. Ele mora em Dores, mas é o namorado da minha mãe”, disse. Segundo ela, Augusto foi o que primeiro abusou dela. “Ele me tocou atrás e na frente. Ele fez sexo comigo muitas vezes. Na hora que ele fez sexo comigo saiu sangue e eu gritei aí ele me deu um tapa na cara. O Roni abusou a minha irmã pequena. Ele botou urina e fezes na boca da dela”, assegurou.
“A gente sofria muito. Eram os homens nos maltratando. Tinha um monte de crianças nessa casa, mais de dez crianças que gritavam e eles batiam muito para elas ficarem caladas. Depois que eles acabavam de nos abusar iam pegar as outras crianças”, desabafou a jovem.
Assassinato
Ela conta ainda que além dos abusos sofridos e as agressões físicas, os homens mataram uma adolescente barbaramente na frente de todos. “Uma menina já era moça bonita, o nome dela era Carla. Eles “facaram” ela e depois eu vi nos postes cartazes de que ela estava desaparecida. Eu vi essa menina. Eles mataram ela na nossa frente. Não sei por que, mas mandaram ela deitar no chão e começaram a empurrar a faca”, contou.
A delegada Rosemeire Vieira da Silva, titular da Delegacia de Proteção à Criança de Alagoas confirmou que o laudo do IML apontou que algo fora do comum aconteceu com as crianças. “O laudo apontou vestígios de atos libidinosos. São sinais de que, de fato, aconteceu algo, mas não posso detalhar o que seria esse algo. Antes de qualquer juízo de valor tem que ser apurado tudo o que as crianças estão falando”, disse.
Rosemeire contou, ainda, que todos os trâmites legais foram adotados pela delegada responsável por fazer as oitivas das crianças em agosto do ano passado. “Quando tomamos conhecimento do fato, todas as medidas foram tomadas. Além do exame no IML, fizemos as oitivas das crianças e da responsável por elas, no caso, a avó paterna. De posse de todas essas informações encaminhamos para a polícia de Sergipe que é quem tem a competência para apurar os fatos”, revelou.
Questionada sobre a suposta rede de prostituição e de pedofilia, a delegada deixou claro que as crianças, em momento algum, levantaram questões ou apontaram indícios de que teria acontecido. “Os fatos apurados que constam na declaração tratam unicamente do suposto abuso ocorrido pelo padrasto. Quando da oitiva das crianças elas, em nenhum momento, falaram em rede de prostituição ou de pedofilia. Quando foram ouvidas só falaram sobre os abusos do padrasto, o que não quer dizer que esses fatos não teriam acontecido, a polícia sergipana está investigando o caso e vai descobrir se houve ou não”, completou.
O conselheiro tutelar Fernando da Silva, responsável por receber a denúncia da avó das crianças, conversou com a reportagem da Liberdade FM e afirmou que a s crianças contaram o fato com riquezas de detalhes. “Nós estamos fazendo nosso trabalho. Nós não inventamos nada, apenas ouvimos e encaminhamos para ajudar a resolver essa situação, mas se não tem interessa em resolver e mudar a linha de visão, aí é outra coisa”, disse referindo-se ao fato de que a polícia sergipana, na visão do conselheiro, não tem demonstrado muito interesse em desvendar o caso. “O Conselho Tutelar de Maceió está pedindo que os fatos sejam investigados para que possamos chegar à verdade. As crianças falam com muita riqueza de detalhes, mesmo assim, está havendo morosidade por Sergipe. Já era pra terem vindo aqui. Já ouviram os supostos agressores, mas não as vítimas. Não sou técnico, mas sei que é preciso ouvir as vítimas antes de qualquer coisa”, ressaltou.
Por Bruno Almeida