Deputada se lança pré-candidata à sucessão de Edvaldo Nogueira e aparece como alternativa de esquerda para manter capital no caminho do desenvolvimento A deputada Ana Lúcia Menezes lançou pra valer o seu nome para disputar pelo seu partido, o PT, a sucessão de Edvaldo Nogueira na prefeitura de Aracaju nas eleições de 2012.
Ela defende que o PT, que governou a capital com Déda de 2001 a 2006, sendo sucedido pelo PCdoB com Edvaldo, deve voltar a administrar a cidade.
Aracajuana, professora, secretária de Educação da capital por um ano e três meses, na primeira gestão de Marcelo Déda; secretária de Inclusão e Desenvolvimento Social do Estado também na primeira gestão de Déda por quase dois anos; deputada estadual em seu terceiro mandato, Ana Lúcia coloca toda a sua experiência no Executivo e como parlamentar para ser a primeira mulher a governar a capital, defendendo uma proposta progressista e de esquerda para aprofundar as mudanças iniciadas na capital pela gestão petista.
“Ao longo da minha trajetória política, sindical e social, tenho refletido sobre os problemas de Aracaju, e buscado atuar, nos diversos espaços sociais, sempre de maneira propositiva no sentido de superar esses problemas, debatendo com todos os setores, porque esse é o meu jeito de pensar e fazer política, discutindo com a sociedade para construir soluções para os problemas. E esse é o jeito petista que quero fazer voltar à gestão da nossa capital”, assegurou.
Ana Lúcia deixa claro que lança seu nome não para disputar contra os também petistas Silvio Santos – atual vice-prefeito – ou o deputado federal Rogério Carvalho, mas para convencer a população aracajuana de que, pelo seu perfil e história de luta nos movimentos sociais e sindical, ela é a melhor alternativa para o PT voltar a conduzir os rumos da cidade de Aracaju. “Se a população entender a nossa mensagem e apoiar meu nome, o partido também deve apoiar.
A militância petista me conhece, conhece a minha luta e a minha história, e sabe que tenho todas as condições de ser prefeita da Capital”, avalia.
Aracajuanos querem prefeita
Pesquisa recente revelou que os aracajuanos, embalados talvez pela boa performance da presidente Dilma Rousseff na condução do país, já aponta que os cidadãos de Aracaju desejam ter uma mulher administrando a cidade.E o número dos que apoiam a ideia é considerável: 80% dos entrevistados. Para Ana Lúcia, esse dado é importante, primeiro porque a maioria da população da capital é formada por mulheres e, segundo, porque aponta para uma mudança de mentalidade da sociedade, que passa a valorizar muito mais a capacidade das mulheres nas diversas esferas de trabalho e de poder. Mas ela reforça também que Aracaju sempre foi uma cidade cujos habitantes sempre foram muito críticos e vanguardistas na política.Por isso a capital sergipana sempre foi uma cidade progressista, a ponto de em 1945, quando o general Eurico Gaspar Dutra (PSD) foi eleito presidente da República, o candidato mais votado aqui foi o engenheiro comunista Iedo Fiúza, do PCB.“E entendo que a nossa cidade deve continuar assim. Aracaju não pode se render ao conservadorismo e ao atraso”.
Problemas e enfrentamento
Ana Lúcia avalia que Aracaju está bem cuidada, fruto dos dez anos acumulados de governança do PT e depois do PCdoB, dois partidos de esquerda. A cidade não tem grandes problemas críticos, na sua opinião, mas tem problemas na educação, na saúde e problemas na drenagem e infraestrutura que precisam ser enfretados, além da questão da mobilidade urbana, que vem se agravando ao longo dos anos. Na educação do município de Aracaju, por exemplo, Ana entende que a superação dos problemas está na reorganização do sistema. “Passei um ano e três meses à frente da Secretaria Municipal de Educação e conseguimos deixar todas as escolas equipadas e limpas; reformamos 12 unidades de ensino; conseguimos a construção da Escola Manoel Bonfim, no Bugio; crescemos a matrícula infantil em 31%, em um ano, e no ensino fundamental 2%; equipamos todas as escolas de ensino infantil com brinquedoteca e parque; e criamos projetos interessantíssimos, sempre dialogando com professores e alunos. Entendo que educação é fazer o diálogo franco e aberto com os professores e com a sociedade e construir a escola de forma coletiva”, explica. Na Saúde, a pré-candidata do PT avalia que a parte de saúde preventiva avançou bastante na capital, mas quanto à gestão, o sistema como um todo precisa essencialmente de mais recursos e mais foco no atendimento à população. “Precisamos lutar por mais recursos mesmo, porque a crise da saúde, assim como a da educação, não acontece só em Sergipe, mas no Brasil e até no mundo. A crise do modelo fracassado neoliberal está repercutindo agora. O mundo inteiro está passando não só por uma grande crise financeira, mas, sobretudo por uma crise de valores e de políticas públicas que venham a atender a maioria da população”, diz.
João Alves e o DEM
A pré-candidata petista avalia, ainda, que o nome do ex-governador João Alves, do DEM, como pré-candidato na disputa pela prefeitura de Aracaju não assusta e dará ao pleito uma polarização muito clara, já que seu grupo político representa objetivamente a direita conservadora que sempre usufruiu do Estado para se manter no poder. “Estamos de lados diametralmente opostos. Acredito e defendo a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática, com justiça social, distribuição de renda, com participação popular nas deliberações das políticas públicas, enfim, tudo o que o DEM e João Alves repudiam”, espicaça a deputada e pré-candidata. Para ilustrar o antagonismo de posições políticas e ideológicas, Ana lembra que em 1994, quando o governador do Estado era João Alves Filho, ocorreu uma longa greve dos professores em defesa do Estatuto do Magistério, que já tinha passado por reforma, mas o então governador João Alves não queria encaminhar para Assembléia Legislativa. Após 15 dias de paralisação, o governo mandou suspender os salários e as negociações. Ana Lúcia fez greve de fome por um período de três dias pelo retorno dos salários e pela reabertura das negociações. Pressionado pela opinião pública, o governador cedeu e os professores conquistaram um novo Estatuto do Magistério. “Eis porque estamos em lados opostos. Enquanto João massacrava os professores tentando destruir a carreira do magistério de Sergipe, com suas concepções liberais e autoritárias, eu fazia greve de fome em defesa da educação pública e dos educadores. A sociedade aracajuana precisa ter isso muito claramente na hora de avaliar”, enfatiza.
Falta diálogo
Ana Lúcia entende também que o desgaste do PT e da administração de Edvaldo Nogueira na capital se dá muito mais pela falta de diálogo permanente com a população aracajuana do que por serem administrações ruins. “Não são. Déda administrou por seis anos a prefeitura e saiu muito bem avaliado. Edvaldo faz uma boa administração. Mas falta dialogar melhor com a sociedade. Falta comunicação e isso tem gerado desgastes”, entende. Ela vê, por exemplo, um equívoco a administração de Edvaldo não ter dado prosseguimento às plenárias do orçamento participativo iniciada na gestão de Déda. “Nenhum gestor consegue resolver todos os problemas no prazo de quatro anos, mas quando você dialoga e dá espaço para a participação coletiva, as pessoas vão entender melhor as suas ações. Não adianta só chegar para inaugurar obras”, destaca, afirmando que, como gestora, ela retomaria as discussões do orçamento participativo. “A população de Aracaju me conhece e sabe que eu sou de fazer plenárias, discutir os problemas, escutar críticas, contra-argumentar e buscar resolvê-los”, afirma Ana Lúcia, que já cai em campo para conquistar os votos dos aracajuanos nas pesquisas e o coração dos petistas. “Na hora em que formos convencendo a sociedade, os nossos militantes irão se convencer também, assim como o próprio partido e o companheiro Déda, que sempre contou com o meu apoio. Por que ele não pode me apoiar agora?”, coloca.
Por George Washington