Se não fosse pelo grande valor histórico da obra, O Cofre do Dr. Rui – Como a Var-Palmares de Dilma Rousseff Realizou o Maior Assalto da Luta Armada (Civilização Brasileira, R$ 29,90/160 págs.) já valeria a pena ser lido, como se fosse um bom romance policial.
O jornalista baiano radicado em São Paulo Tom Cardoso atualiza, com uma narrativa digna de roteiro de filme, um dos lances mais cinematográficos da história recente do Brasil – o assalto ao cofre de Adhemar de Barros, ex-governador de São Paulo, pela organização Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), no ano de 1969.
Mas o argumento real faz jus ao tratamento romanceado. Aquele foi o maior roubo praticado por organizações de esquerda para financiar a luta armada contra a ditadura no Brasil na década de 60.Foram retirados de uma mansão carioca o cofre com parte da fortuna oculta de Adhemar de Barros, político populista que ganhou de seus desafetos a definição “rouba, mas faz”.
E a ‘parte’ dessa fortuna era US$ 2,6 milhões.Em valores de hoje, cerca de R$ 25 milhões. Era dinheiro de corrupção e Caixa 2 que, à época, não ia para paraísos fiscais: ficava malocado em locais de confiança. E toda esta dinheirama estava na casa da amante do ex-governador, a socialite Ana Capriglione, que recebera a alcunha de ‘Dr. Rui’ para não levantar suspeita.
Mas, hoje, com o recuo do tempo, nada mais chama tanto a atenção para esse roubo do que a participação da atual presidente do país, Dilma Rousseff, que, naquela época, era guerrilheira e integrante da VAR-Palmares.
Dilma
Mas Tom Cardoso se encarrega de colocar os pingos nos is sobre a participação de Dilma na trama mirabolante do assalto. A atual presidente não participou do planejamento, nem do assalto em si, como consta em sua ficha criminal, lavrada pelo Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna – Doi-Codi, a polícia de repressão da época.A atuação de Dilma foi na troca do dinheiro, em dólares, por cruzados novos.
Cardoso chega a essa história através do depoimento do ex-marido de Dilma, Carlos Araújo, que era um dos chefes da VAR-Palmares. Dilma se disfarçou de estrangeira para trocar US$ 1 mil em uma casa de câmbio localizada no Hotel Copacabana Palace, no Rio, uma das poucas que existiam na época da ditadura.
Ela ainda participou da troca de outros US$ 300 mil negociados com o banco Bradesco. O funcionário do banco propôs trocar todo o dinheiro: “Naquela época, os grandes bancos não tinham acesso a dólares. A moeda era comprada apenas pelo governo, então era interessante para o Bradesco comprar dólares”, disse Cardoso, em entrevista ao portal Terra. Mas, os guerrilheiros desconfiaram e resolveram trocar apenas uma parte, que hoje equivaleria a mais de R$ 1 milhão.
O assalto, porém, em vez de ser uma saída para os guerrilheiros, virou uma condenação. “O assalto, bem-sucedido, não resultou em dias melhores para a militância. Pelo contrário. Além da histórica incapacidade de lidar com qualquer forma de capital (…), os responsáveis pelo assalto ainda tiveram que lidar com uma maldição, que insistiu em acompanhá-los para além da aventura revolucionária”, escreveu Tom Cardoso, na introdução.
O livro já está com os direitos vendidos para Rodrigo Teixeira, produtor executivo de longas-metragens como O Cheiro do Ralo e O Casamento de Romeu e Julieta. O Cofre do Dr. Rui – Como a Var-Palmares de Dilma Rousseff Realizou o Maior Assalto da Luta Armada Autor: Tom Cardoso Editora: Civilização Brasileira Preço: R$ 29,90 (160 págs)
Fonte: http://www.correio24horas.com.br/noticia