Mano Menezes nem quis começar sua entrevista coletiva falando da boa atuação brasileira contra o Paraguai, pelas quartas de finais da Copa América. As chances criadas por sua equipe, as defesas de Justo Villar ou a falta de pontaria na hora do conclusão ficaram em segundo plano. O técnico preferiu culpar o gramado do estádio em La Plata pela eliminação após erros em todas as cobranças de pênaltis. O fato é inédito na Copa América.
“Não é preciso fazer análise de quatro penalidades perdidas. Havia uma dificuldade bastante grande na marca penal, dois atletas nossos tiveram muitas dificuldades no pé de apoio na hora da cobrança. A condição não era favorável naquela parte do campo, já havia dito isso naquele jogo contra a Venezuela. Mas quando você erra quatro cobranças, é bom você ver os seus erros e deixar para lá o dos outros”, argumentou o comandante verde-amarelo.
De fato, Mano já havia reclamado da arena Ciudad de La Plata na estreia contra a Venezuela, mas daí a acreditar que este foi o motivo para que Elano, Thiago Silva, André Santos e Fred desperdiçassem todas as tentativas é difícil de compreender. Jamais em todas as agora 43 edições da disputa continental uma equipe conseguira realizar o que a selção fez neste domingo.
Na história do futebol, não é algo comum uma equipe ficar zerada em uma disputa por pênaltis. Em 2006, na Copa do Mundo da Alemanha, a Suíça desperdiçou suas três penalidades máximas e caiu por 3 a 0 para a Ucrânia. Já em 1986, na final da Liga dos Campeões, o Barcelona também ficou zerado e acabou derrotado pelo Steaua Bucareste.
Com o adeus à competição, a seleção brasileira perdeu também a possibilidade de novamente conseguir repetir o feito do tricampeonato genuíno – três conquistas seguidas -, algo que só a Argentina conseguiu ainda na década de 40. O Brasil é o atual bicampeão – 2004 e 2007. “Penso que é hora de uma boa análise porque nesta hora da derrota sempre podemos pensar que está tudo ruim”, afirmou o treinador.
Por Jean Pereira Santos, de La Plata (Argentina)
Foto: Alex Silva/AE