Em Sessão Plenária nesta terça-feira, 17, o deputado Marcos Oliveira (PL) fez duras críticas ao governador Fábio Mitidieri (PSD) pela atual crise no abastecimento de água no estado. O parlamentar ironizou uma recente declaração do governador, na qual Fábio afirmou que, diante da falta d’água, estaria disposto a oferecer seu próprio banheiro para quem precisasse.
“Fábio Mitidieri lançou mais um projeto de Governo: ‘Meu Banheiro, Minha Vida’. Quem estiver com falta d’água em casa, que vá até a casa do governador, porque ele vai emprestar, pelo menos, o banheiro com água para a pessoa tomar banho e fazer suas necessidades básicas”, disparou Marcos Oliveira.
O deputado comparou a situação à de regiões em conflito. “Tem coisa que a gente achava que só estava acontecendo no Oriente Médio, em lugares como Israel, sob o Governo de Benjamin Netanyahu. Mas Sergipe hoje parece estar em guerra contra a falta d’água”, afirmou.
Durante a fala, o parlamentar pediu que a sonoplastia da Casa reproduzisse o áudio com a fala original do governador, para reforçar sua crítica. “Isso aqui tem dois problemas claros. Primeiro, demonstra que, enquanto falta água para o pobre, a elite continua com água normalmente. Segundo, é uma total falta de respeito à memória de quem construiu a DESO, uma empresa pública que agora foi vendida pelo governador Fábio Mitidieri”, afirmou.
Marcos Oliveira lembrou o histórico da DESO (Companhia de Saneamento de Sergipe) e criticou a concessão da empresa, que passou a ser operada parcialmente pela iniciativa privada por meio de uma Parceria Público-Privada com a empresa Iguá. “O governador fala dos problemas antigos da DESO, mas não criou absolutamente nada de novo. Pelo contrário: vendeu a água do povo sergipano. Estamos vendo hoje a maior operação de carro-pipa da nossa história recente, com mais de 100 carros cadastrados. Estamos voltando ao tempo da lata d’água na cabeça”, denunciou.
O deputado também questionou os investimentos prometidos pela empresa que assumiu o serviço. “Falam de investimentos de R$ 5 bilhões em cinco anos, mas o que o povo sente é a falta de água. Há bairros e até cidades inteiras passando até 21 dias sem abastecimento. A gente não está cobrando expansão de rede ou universalização de esgoto. A gente está pedindo o mínimo: que volte o que tinha antes”, enfatizou.
Por fim, Marcos Oliveira lamentou o cenário e fez um duro paralelo com o passado. “A gente fica aqui pensando: os últimos 50 anos de Sergipe foram difíceis, mas, pelo menos, tínhamos água. Não sabíamos que a célebre frase do Tiririca, ‘pior do que está, não fica’, seria desmentida dessa forma. Ficou. Quem não construiu, vendeu. Quem não preservou a história, agora oferece banheiro em troca de dignidade”, concluiu.
Fotos: Joel Luiz| Agência de Notícias Alese
Por: Débora Nepomuceno Marques/Alese