Em uma propositura apresentada pelos deputados federais João Daniel (PT/SE) e Andrés Sanchez (PT/SP), através da Comissão de Esporte da Câmara dos Deputados, a Assembleia Legislativa promoveu nessa sexta-feira (22) uma mesa-redonda para discutir o potencial do futebol amador ou de várzea em promover inclusão social à população mais carente. O requerimento para a realização do evento também foi assinado pelos deputados Mário Negromonte Jr (PP/BA) e Fábio Mitidieri (PSD), que envolvido em outro compromisso de seu mandato não pode comparecer, mas enviou representantes.
Ao fazer sua exposição, o deputado Andrés Sanchez valorizou a iniciativa da Mesa Redonda e se mostrou como um defensor do futebol de várzea como meio de transformação e inclusão social. “Eu separo o futebol como de várzea, amador e de base dos clubes querendo ganhar dinheiro com os atletas. O Corinthians tem 327 garotos morando no clube, 67% vem do Nordeste e Norte e 8% de São Paulo, com refeição, dentista, médico e escola, o que é uma balela! Por mais que tenha o convênio, com 15 ou 16 anos o moleque começa a viajar e não tem estudo. Ele tem nota! Quando eu digo isso muitos ficam chateados, mas é a realidade. Estamos diante de um problema social gravíssimo”.
Em seguida Sanchez alertou que se 10% desses garotos subirem para o profissional já será uma grande conquista e que os outros 90% não tiveram base escolar e, muitas vezes, nem familiar. “Com 18 ou 19 anos os times não querem mais esses meninos e eles têm que se aventurar por times pequenos pelo Brasil afora, ganhando dois salários mínimos. Muita gente tem a ilusão que no futebol só existem milionários, mas é a minoria. Muitos atletas chegam aos 35 anos e já não conseguem mais contratos. E quando jogam, o fazem por quatro ou cinco meses e depois a temporada acaba e não sabem o que fazer”.
Para o ex-presidente do Corinthians o segredo da inclusão social está na várzea. Para ele o poder público só intervém no futebol profissional porque é onde circula muito dinheiro. “A várzea é quem promove a grande inclusão social graças aos abnegados. O futebol amador é responsabilidade das Federações. Na várzea o poder público tem que dar condições e não apenas com bola ou camisa, mas com médico, com estrutura. Futebol se faz com dinheiro. Sem recurso não se faz futebol. Essa história de bom trabalho aparece uma vez ou outra. Time que não tem estrutura não pode ser profissional. Desse para o amador. Prefeito tem que investir dinheiro em Saúde e Educação e não em time de empresário. Se queremos promover inclusão, a saída é a várzea, caso contrário vamos perder muitos garotos pela frente”.
Por sua vez, o deputado João Daniel acha que uma das alternativas que podem ser aproveitas do debate é a inclusão de uma emenda impositiva da bancada federal de Sergipe para o Orçamento de 2018. “Este tipo de debate deve ser ampliado aos demais municípios e Estados. A nossa ideia é que esta discussão se amplie, que percorra os bairros e municípios e o nosso mandato está a disposição para ouvir as pessoas e levar sugestões. Tenho certeza que a bancada do nosso Estado se somará nesta causa”, apostou.
Da Agência de Notícias Alese
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