“Democracia leva a embate eleitoral isso é justo e legítimo, mas esses embates não podem atrapalhar a defesa do interesse público, não podem fazer com que alguns queiram o pior para outros ou que a fogueira da vaidade prevaleça inviabilizando a soma de esforços necessários para superar um problema”, foi com esse tom que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, desembarcou em Aracaju no início da noite dessa quinta-feira, 13.
Eduardo Cardoso veio participar da 53° reunião ordinária do Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp) e conversou com exclusividade com o radialista e jornalista Marcos Couto, da Rádio Liberdade FM e do Imprensa1.
As declarações do ministro explodiram como uma bomba no cenário político justamente no momento em que a polícia do Rio de Janeiro começa a detalhar que existem partidos políticos aliciando jovens para infiltrá-los nas manifestações populares, transformando-as em verdadeiras guerras. Para o ministro, os embates eleitorais devem ser feitos na hora certa.
“Devem ir aos palanques defender seus candidatos e as suas causas no momento específico, mas quando estão exercendo cargo público estão a serviço do interesse público e, como tal, devem se comportar a altura das suas responsabilidades, não colocando disputas eleitorais onde elas não são importantes”, frisou.
Para Eduardo Cardoso, é fundamental que Governo Federal e os Estados estejam juntos na perspectiva de combater a violência, integrar forças de seguranças e formular uma política que possa se expressar em novas leis. “Somente assim poderemos garantir a democracia e a liberdade de manifestação, no entanto, sem aceitar a violência e a utilização de movimentos democráticos para que se possa atingir pessoas e patrimônios”, afirmou.
Morte do cinegrafista
O ministro lamentou, ainda, a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade, atingido por um rojão na cabeça enquanto cobria manifestações contra o aumento da passagem de ônibus na cidade do Rio de Janeiro, na semana passada. Dois manifestantes foram presos acusados de acenderem o artefato. “Não entendemos como pessoas agem dessa forma trazendo danos as outras e matando. Isso é inaceitável, por isso, um aperfeiçoamento de nossa legislação se impõe sim, não só como medida sancionatória para quem pratica esses atos, mas como medida demonstradora de que a sociedade não aceita esse comportamento”, destacou.
Eduardo ressaltou, ainda, que as manifestações populares são legítimas, mas devem ser realizadas de forma pacífica. “Queremos liberdade e manifestação, sim, mas tratar com rigor as pessoas que utilizam essa liberdade para matar trabalhadores e trazer danos à vida dos outros e o estado brasileiro não pode aceitar esse comportamento”, disse.
Por Bruno Almeida
Fotos: Marcos Couto