
A recente rejeição, por unanimidade, da chamada PEC da Blindagem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado foi interpretada pelo advogado criminalista Dr. Anderson Macedo como um reflexo direto da mobilização popular contra a proposta. Para ele, a pressão das ruas e o desgaste político que a medida acumulou nas últimas semanas foram decisivos para enterrar o texto, considerado por críticos como um “escudo de impunidade” para parlamentares.
“O Senado não poderia fechar os olhos para a voz das ruas. A PEC da Blindagem se apresentava como um mecanismo de proteção corporativa, capaz de fragilizar a democracia e inviabilizar o controle institucional sobre parlamentares. A sua rejeição só aconteceu porque houve mobilização social, cobrança da sociedade civil e resistência de setores importantes da imprensa e da academia”, destacou o criminalista.
Dr. Anderson observa que a proposta, ao submeter investigações contra deputados e senadores à autorização prévia das Casas Legislativas, colocava em risco o equilíbrio entre os poderes. “Haveria um retrocesso institucional grave, um verdadeiro salvo-conduto para práticas criminosas dentro do Parlamento”, afirmou.
Análise sobre o PL da Anistia
Se por um lado a derrubada da PEC sinalizou a força da pressão popular, por outro, a tramitação do PL da Anistia deve ser acompanhada com cautela, segundo o especialista. O projeto, que trata do perdão a condenados e investigados por atos de motivação política desde 2022, ainda divide lideranças no Congresso e encontra resistência no Senado.
Na avaliação de Dr. Anderson Macedo, a tendência é que a proposta não avance em sua forma mais ampla. “O cenário atual indica que dificilmente o PL da Anistia será aprovado nos termos em que foi apresentado. A tentativa de anistiar figuras envolvidas em ataques às instituições esbarra em dois obstáculos: a resistência do Supremo Tribunal Federal e a falta de consenso entre os partidos. O mais provável é que se construa uma versão atenuada, que não seja percebida como estímulo à impunidade”, ponderou.
Para ele, qualquer decisão sobre anistia precisa ter como premissa a preservação do Estado Democrático de Direito. “Não se trata apenas de um gesto político, mas de definir quais limites uma democracia pode aceitar sem comprometer sua própria sobrevivência”, concluiu o advogado.
Foto: Assessoria de Imprensa
Por: Miza Tâmara