Com o intuito de difundir informações, reduzir a discriminação e o preconceito a respeito da pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), foi criado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado no dia 2 de abril, um marco de luta pelos direitos e pela inclusão. O autismo é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento, cujo diagnóstico exato é demorado. Não é uma doença, é um transtorno com causas ainda desconhecidas e que provoca, principalmente, alterações comportamentais e dificuldade de socialização.
Segundo o neuropediatra do Hospital de Urgências de Sergipe (Huse), Rodrigo Araújo, o autismo é uma condição na qual existe uma dificuldade em socializar e em comunicar-se, associada a interesses restritos e comportamentos repetitivos.
“O tema deve ser amplamente discutido para que a sociedade entenda realmente o que é o transtorno e respeite, oferecendo as ferramentas necessárias ao desenvolvimento. Algumas pessoas podem se perguntar o porquê de tantos casos de autismo terem sido identificados, mas isso se dá devido aos avanços da ciência, que procura entender o transtorno. Porém, os mitos e preconceitos podem aumentar a dificuldade de entregar um diagnóstico preciso”, explicou o neurologista.
Histórias
“Eu não conhecia sobre o autismo, mas sabia que a minha filha era diferente, pois ela tinha medo de barulho e ficava batendo nos ouvidos. Quando eu comecei a trabalhar como babá, levei o filho da minha patroa para a fonoaudióloga, lá, eu vi uma menina que fazia a mesma coisa que a minha filha, então perguntei a profissional e ela me falou que poderia ser autismo, por isso era indicado procurar um neuropediatra”, contou a Simone Santos Silva, mãe de Kemilly, de 5 anos, e de Kamilly, de 2 anos, ambas diagnosticadas com autismo.
Simone contou que o processo para identificar a primeira filha com autismo foi mais difícil, porque nunca tinha experienciado a situação. “Confesso que eu demorei a procurar ajuda, mas uma hora a gente percebe que a criança precisa de um acompanhamento. Então a minha patroa me disse que no CER IV eu poderia ser inserida por meio do SUS, pois disponibiliza um tratamento qualificado. Antes de Kemilly receber o tratamento, ela não se comunicava, e por meio das terapias eu a vi evoluindo. Hoje ela fala, ela pede água, pede para ir ao banheiro. Na minha segunda filha, eu já sabia identificar alguns sinais, a diferença é que Kemilly tem seletividade alimentar, já Kamilly ainda não consegue falar aos 2 anos”, disse.
“Ser mãe de duas meninas autistas tem me transformado. Todos os dias são de desafios, mas que me fortalecem. Ao ver minhas meninas crescendo e lidando com as diferenças, tenho muito orgulho. Temos que ser humanos empáticos, respeitar e, acima de tudo, amar uns aos outros”, contou Simone.
Diagnóstico
O autismo pode se desenvolver em diversas fases da vida, desde quando bebê até a idade adulta. Geralmente, o primeiro passo para o diagnóstico em crianças é a identificação de alguns sinais de desenvolvimento, como não fazer contato visual, não responder quando chamado ou não apresentar irritação ou desconforto em situações que normalmente podem gerar tal sentimento. Desse modo, assim que aparecer alguns dos sinais de autismo, os pais devem procurar auxílio médico para iniciar o tratamento.
“Os sinais do autismo começam na primeira infância, antes dos 3 anos de idade. Então, devemos buscar uma boa coleta da história desses sinais. Os relatórios de professores, dos familiares e da equipe multidisciplinar que acompanha a criança são essenciais. Assim conseguimos realizar um tratamento baseado em uma equipe multidisciplinar capacitada, escola inclusiva e família engajada”, ressaltou o neuropediatra.
Para a suspeita em adultos, a indicação é procurar um psicólogo para que seja feita uma análise de caso, e se necessário, encaminhar para uma avaliação neuropsicológica. O diagnóstico é feito por uma equipe multidisciplinar que irá avaliar todo o processo.
Foto: Flávia Pacheco
Por: Ascom/SES