A questão criou tanta expectativa que, esclarecido o mistério, o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu em sua coluna no “Jornal do Brasil”: “Agora que ‘O Astro’ acabou, vamos cuidar da vida, que o Brasil está lá fora esperando”.
Pois “O Astro”, novela de Janete Clair em que Dionísio Azevedo interpretou Hayalla, estará de volta a partir de terça, na TV Globo, agora em forma de macrossérie.
Reescrita por Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, terá Daniel Filho como o personagem assassinado. Serão 60 capítulos. A iniciativa festeja os 60 anos da teledramaturgia brasileira –em 1951 a Tupi exibiu a primeira novela, “Sua Vida me Pertence”.
O diretor-geral do remake, Mauro Mendonça Filho, ressalta não se tratar de cópia. “A trama original é a mesma, mas o mundo mudou, era necessária uma adaptação.”
O personagem principal, Herculano Quintanilha, vivido por Francisco Cuoco na primeira versão, agora é interpretado por Rodrigo Lombardi. Cuoco continua na trama, agora como Ferragus, mentor de Herculano e inexistente na primeira versão.
A história começa em 2002, na fictícia cidade de Bom Jesus do Rio Claro.
Herculano e Neco –vivido agora por Humberto Martins e, antes, por Flávio Migliaccio– arrecadam dinheiro dos fiéis para uma suposta reforma da igreja matriz, mas planejam fugir com a quantia. Neco engana o comparsa e some com o dinheiro; Herculano é preso. Na cadeia ele conhece Ferragus, que lhe ensina truques de mágica.
Ao sair da prisão, Herculano começa a se exibir como ilusionista e conhece Amanda (Carolina Ferraz na versão atual, Dina Sfat na original), iniciando um romance.
ENCONTRO FORTUITO
Por acaso, o mágico conhece Márcio (Thiago Fragoso, ou Tony Ramos na versão original), filho de Salomão Hayalla. Ele não se interessa pelos negócios do pai, é rejeitado e acaba acolhido por Herculano. Quando o pai é morto, assume a direção da empresa da família, e Herculano se torna seu assessor.
Na versão original, Hayalla é assassinado por Felipe, amante de sua mulher e usuário de drogas, que tem como comparsa um cabeleireiro. Janete Clair inspirou-se em um caso real –o assassinato de Cláudia Lessin Rodrigues, ocorrido em 1977– para caracterizar os dois.
Na ocasião, Felipe foi interpretado por Edwin Luisi. Desta vez o papel é de Henri Castelli. Mas será ele o assassino? “Não importa se muita gente sabe o final, ou se vão buscar na internet. O importante é que vou contá-lo de maneira diferente, com muitas surpresas”, diz o diretor.
Apesar do elenco consagrado –incluindo Regina Duarte e Reginaldo Faria, entre outros–, Mendonça Filho sabe que se arrisca a não repetir o sucesso dos anos 70.
“Na época a novela tinha mais audiência, e a Globo não tinha concorrência. Mas [o remake] é uma justíssima homenagem a Janete Clair.”
Fonte: Folha.com
Foto: João Miguel Júnior/TV Globo