O vereador Lucas Aribé (PSB) foi o autor do requerimento para a Sessão Especial em homenagem ao Dia do Jornalista comemorado em 7 de abril, que foi realizada na Câmara Municipal de Aracaju (CMA) na tarde desta segunda-feira, 7/4.
Foram convidados a compor a mesa da CMA, o vice-presidente e secretário do Sindicato dos Jornalistas de Sergipe (Sindijor-SE), Edmilson Brito, o estudante de Comunicação da Universidade Tiradentes (Unit), Luiz Prado, e os professores da Unit, Álvaro Müller e Polyana Bittencourt, além do vereador Iran Barbosa (PT) que secretariou a Sessão.
Lucas lembrou a importância da valorização profissional dos comunicadores e da necessidade de lutar pelo diploma de formação superior. “Essa luta é justa e deve ser levantada por todos nós.Como comunicadores, temos a responsabilidade de informar de forma honesta”, ressaltou. Iran Barbosa também reforçou a importância da valorização profissional. “Temos que buscar a valorização de todos esses profissionais em quatro pilares: formação, salário, carreira e condições de trabalho. Esses quatro pilares são importantes e fundamentais para esses profissionais”, disse.
Após a abertura da sessão por Lucas Aribé e da leitura do requerimento por Iran Barbosa, o vice-presidente do Sindijor ocupou a Tribuna da CMA. Edmilson Brito falou sobre a história da data e da busca pela volta do diploma como fator obrigatório. “O dia 7 de abril é marcado pela morte de Líbero Badaró, um médico e jornalista que lutou contra a monarquia e era favorável ao direito à liberdade de expressão no Brasil. Foi um marco para nós, profissionais da Comunicação. Hoje, nossa luta é pela volta do diploma que foi derrubado em um dos maiores equívocos cometidos pelo Superior Tribunal Federal que caçou a obrigatoriedade do diploma. O Sindijor não abre mão de estar lutando pela retomada do diploma e, em Sergipe, por um piso melhor “, enfatizou Edmilson Brito. Após as palavras de Edmilson, Aribé lembrou do trabalho do senador Valadares (PSB) que trabalha no Senado para a aprovação da volta do diploma.
Luiz Prado, estudante de Comunicação, foi o segundo orador a ocupar a Tribuna e explicitou o amor em ser um futuro jornalista. “Jornalismo é uma paixão, é uma profissão que você vive 24 horas por dia. A notícia está em todos os lugares, a todo instante. Porém, quando você faz aquilo que ama, você é feliz. É isso que estou fazendo agora”, afirmou o aluno do 6º período do curso.
Após as palavras do estudante, o professor e profissional, Álvaro Muller, destacou o importante papel do jornalista na sociedade e atual conjuntura da profissão. “Duvidar é a primeira arma de um profissão da Comunicação e se um repórter não duvida, não questiona, ele deve mudar de profissão. Atualmente, o Jornalismo não vem cumprindo bem o seu papel, a morte virou espetáculo e os profissionais primam pelo ineditismo e não se aprofundam nos fatos, não investigam. Porém, a sociedade também precisam fazer a sua mea-culpa. As pessoas devem aprender a se responsabilizar pelas informações que consomem. O Jornalismo é o espelho da sociedade”, afirmou Müller.
Finalizando os presentes na mesa, a professora Polyana Bittencourt chamou a atenção para a formação profissional, sempre em foco após a não obrigatoriedade do diploma, e que sofre mudanças quase que diariamente. “Em 10 anos de universidade eu tento fazer algo pra marcar essa data, para buscar a reflexão, e sempre vejo o quanto essa área muda muito. Hoje, o desafio do jornalista não é ser o filtro, a essência desse profissional mudou. A principal qualidade do comunicador é ter competência para lidar com a informação”, disse.
Os vereadores Iran Barbosa e Emmanuel Nascimento, do PT, Max Prejuízo (PSB) e Pastor Roberto Morais (SDD), também destacaram a importância da profissão para a sociedade. Estiveram presentes estudantes do primeiro período de Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo da Universidade Tiradentes, o jornalista George Washington, a diretora de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Caroline Santos, o assessor dos Correios, José Ginaldo de Jesus, a coordenadora de Comunicação Social da Unit, o repórter fotográfico e membro do Sindijor, Noel Lino dos Santos, e o jornalista e chefe de Cerimonial da CMA, José Lupércio dos Santos.
Em Plenário
Depois das palavras dos oradores da mesa, profissionais que estavam presentes em plenário se pronunciaram pela importância da data. O primeiro a falar foi o jornalista George Washington. “Senti-me contemplado com as palavras dos presentes na mesa e não vou repetir as colocações, entretanto, seguindo a linha do companheiro, o vereador Iran Barbosa, gostaria de fazer uma referência histórica ao golpe militar de 1964 e lembrar de um jornalista que foi torturado e assassinado de forma brutal enquanto lutava pelo direito à liberdade expressão, Vladimir Herzgov, o Vlado. Por isso, peço ao presidente desta sessão, Lucas Aribé, para intitular essa sessão com o nome desse jornalista que morreu como tantos outros e que tombou em favor da verdade”destacou.
Caroline Santos lembrou do respeito à profissão. “Precisamos galgar mais degraus em uma liberdade de imprensa e não de empresa, como acontece. Nós, profissionais de comunicação, devemos nos ver como trabalhador e não como um profissional liberal. Temos que ter uma jornada de trabalho, com uma profissão regulamentada. Se você tem hora para entrar e sair, você é trabalhador e não profissional liberal. O jornalista, apesar do contato direto com as esferas de poder, não faz parte do poder”, afirmou.
O jornalista Rentato D’ávila Moura também pediu uma atenção especial às pessoas com deficiência que se formam na Comunicação e de como essas pessoas são tratados. “O olhar do jornalista no texto deve ser além do simples olhar visual. O jornalista precisa ir além”, disse. Renato ainda reforçou as dificuldades dos profissionais da Comunicação que têm algum tipo de deficiência. “Enfrentamos o rótulo de ‘o jornalista com deficiência visual’ e isso não é fácil. Se Lucas está nesta Casa para a construção de um futuro melhor, é prova da capacidade de uma pessoa com deficiência, ao contrário do que muitos pensam. Ele se coloca como um grande e legítimo representante. Uma pessoa deficiente visual consegue facilmente escrever um texto, como eu mesmo faço. Uma pessoa com deficiência pode sim fazer uma reportagem, como eu faço na Sejesp. Para isso, só é preciso dar condição a essas pessoas”destacou.
Os jornalistas José Lupércio Santos e Noel Lino dos Santos também ocuparam a Tribuna e destacaram o trabalho deste importante profissional. “Também corroboro com a opinião dos que falaram aqui e peço que o próprio profissional se valorize, que quando contratado como assessor, exija um estagiário e um repórter fotográfico, uma verdadeira equipe”, explicou Noel. Lupércio também lembrou que a luta é árdua com a queda do diploma. “A não obrigatoriedade do diploma foi uma grande derrota depois de tantas lutas da nossa profissão. Por isso, devemos sim continuar a valorizar a nossa profissão”, ressaltou Lupércio.
Ao final, o requerente da sessão ocupou a Tribuna descrevendo todas as dificuldades encontradas na busca por espaço no mercado de trabalho. “Uma pessoa com deficiência visual pode trabalhar como jornalista e foi na Unit que abriu as portas pela primeira vez, com carteira assinada, para que eu trabalhasse como profissional. Peço aos colegas para combater o preconceito. Não podemos escrever textos com um ‘apesar de ser cego, ele é jornalista’ ou ‘pessoa portadora de deficiência’, ninguém é deficiente porque quer. Peço uma somação na busca por uma mídia diferente”, enfatizou.
Por Tirzah Braga- Assessoria do parlamentar
Foto: Heribaldo Martins
