O ajudante de pedreiro, Josival Silva, 31 anos, uma das vítimas do desabamento do prédio do Bairro Coroa do Meio, Zona Sul de Aracaju que caiu no último sábado, 19, conversou com exclusividade com a reportagem do Imprensa 1 e confirmou o que as autoridades já suspeitavam: a obra não tinha o acompanhamento de um engenheiro responsável, o que pode ter sido o fator primordial para o colapso que a estrutura do edifício sofreu, causando o desmoronamento dos quatro andares compostos por seis apartamentos, cada.
“Não tinha nenhum engenheiro na obra. O dono ajudava na construção e nos orientava como deveríamos fazer a massa do cimento”, afirmou Josival. Segundo ele, o proprietário do imóvel não gostava de ficar parado e colocava a “mão na massa”. “Às vezes, ele mesmo é quem fazia o cimento e carregava os pisos. Ele não ficava só olhando, gostava de participar”, contou.
Josival lembra que por volta das 21h, quando foi deitar com a família, uma massa de cimento caiu de uma das paredes. “Ouvimos um barulho forte e fui ver o que estava acontecendo. Vi que um pedaço da parede tinha caído, mas achei que não era nada e que não iria mais cair. Voltei a deitar no colchão e pouco tempo depois o teto veio abaixo”, disse.
Muito emocionado, o pedreiro relembrou os momentos de horror que passou com a família por mais de 34 horas sob os escombros. “A todo o momento eu pedia a Deus para nos ajudar e tentava confortar a minha esposa”, frisou. O ajudante de pedreiro contou que o espaço que eles estavam era mínimo, o que dificultava ainda mais a vida deles. “Não tínhamos mais do que 10 cm entre o chão e a laje. Não conseguimos nos mexer e acabei machucando a perna porque tentei ajudar meu filho colocando a perna no peito para facilitar a respiração dele”, ressaltou.
“Tentei acalmar a minha esposa. Conversamos e tentava deixar os meninos acordados para que não acontecesse algo mais grave. A poeira não deixava a gente respirar direito. Não tínhamos fome, mas a sede era muito grande e fazia a gente delirar achando que não íamos sair. Só conseguia respirar através de Deus”, desabafou.
Mesmo abalado, Josival tenta achar uma resposta para o desabamento. “Primeira vez que vejo cair um prédio assim. Infelizmente, essa tragédia levou a vida do meu filho. Queria a vida dele de volta, mas sei que está com Deus. Agora quero dar um maior conforto para a minha família”, completou.
Por Bruno Almeida
Foto: Marcos Couto